Neste espaço, costumamos destacar sempre uma única profissional do transporte. Desta vez, porém, vamos contar a história de 12 caminhoneiras. Seus rostos ilustraram um calendário produzido pela Tortuga, maior fabricante de câmaras de ar da América Latina.
“A história de cada uma mostra o amor que elas têm pela profissão que escolheram”, destaca Caio Fontana, diretor de Marketing da Tortuga. Os textos, delicados como elas merecem, são de Fhabyo Matesick

 

1.Rosangela da Silva Santos – Curitiba/PR
A estrada é como a vida
Rosangela viu o sonho de menina virar a realidade de uma mulher. Apaixonou-se cedo, tanto pelo Ademilson, quanto pelo caminhão. Do último, nunca se separou. Viaja com uma cegonha, o que dá ainda mais saudades de Stefanie e Dafne. Nunca reduziu para o preconceito, nem deixou de abrir passagem para o cavalheirismo. Baliza pela estrada com a destreza de quem realiza. Com a mão na direção e o salto na tábua.

2.Flávia Stei – Curitiba/PR
A Família Estrada
Flávia é uma mistura. De alemão com polonês, de mãe com motorista, de mulher com esposa. Das estradas por onde passou, gosta é das praias do Nordeste. Mesmo quando viaja só, nunca está sozinha. Na serra da vida, divide com o marido a boleia e os sonhos de construir uma casa. Roda sempre em direção à estabilidade e carrega a esperança de ver o filho crescer feliz. Quem sabe caminhoneiro também.

3.Maria Goretti Hebipeim – Lages/SC
Carga genética
Maria Goretti é filha da estrada. Gerada e nascida em um caminhão, enxerga o mundo sob a ótica de um para-brisa. Dos doze irmãos, cinco são do volante. Está no sangue. Logo cedo aprendeu que a vida se mede em amizades e quilômetros. Em ambos os casos, aos milhares. Acredita que um tanque cheio de amor é capaz de levar a qualquer lugar. No asfalto, sente-se em casa. É lá que estão sua história, sua vida e seu marido. Caminhoneiro, claro.

4.Veridiana Henning – Rio Negro/PR
A liberdade da estrada
Veridiana nasceu na véspera de Natal. São 29 anos de filha e 11 de mãe. Casamento? Já experimentou, mas não pretende repetir. Sua paixão é a estrada. Foram feitas uma para a outra. Até tentou escritório, mas a buzina falou mais alto. Na estrada, faz amigos como quem troca uma marcha. Gosta de sinuca, baralho, conhecer lugares e descobrir culturas. À noite, sonha com a Fórmula Truck. De dia, pilota realizada.

5.Iracema Celestina Casagrande – Palmeiras das Missões/RS
Escola de asfalto
Iracema saiu da roça pisando fundo. Queria ser motorista. Com o amor descobriu o Brasil. E vice-versa. Fez a estrada lhe oferecer muito mais do que poeira. Dos sete caminhões, sobraram dois, um marido, um filho e uma vida sem buracos. Fez da cabine seu banco escolar. Do asfalto, o conteúdo da sua experiência. Torce para o Grêmio e para ter uma casa de pedra.

6.Maria Simone Speranseta – Adrianópolis/PR
A arena da estrada
Maria Simone não arranca, larga. Atleta do volante, formada e treinada pelo marido nas pistas da vida. Ganhou muito, perdeu tudo, ganhou mais. Compete para manter o tanque cheio, vence para se abastecer de adrenalina. Quer outra vida para os filhos, mas não para ela. Espera a próxima gincana com a pressa de quem procura um posto de gasolina. Melhor ainda se perto de Paris, no caminho para Dakar.

7.Patrícia Concheski – Curitiba/PR
A estrada não troco por nada
Patrícia tem mais intimidade com as panelas da estrada do que com as da cozinha. Com o pai caminhoneiro, aprendeu a ver no retrovisor o futuro, não o passado. Dos três caminhões na garagem, prefere o som à graxa. A janela e o coração viajam sempre abertos. Do marido e do filho não mantém distância. Seus caminhos se cruzam nos trevos da vida, fazendo das paradas um encontro de família.

8.Tânia Huçulak – Curitiba/PR
Na estrada não pode ser frágil
Tânia tem um motor que nunca a deixou no meio da serra. Pelo caminhão sempre teve paixão, um olhar de vontade. Até ganhar a estrada, ultrapassou o preconceito sem pisar no freio. Chegou lá e não mais parou. Na falta de alguém, grita e canta. Dá carona para a solidão, mas a deixa no primeiro posto. Preenche o vazio da cabine com o orgulho de dominar a máquina. Sabe que mulher na boleia não pode arranhar marcha.

9.Elizabeth Lima de Souza – Vacarias/RS
As vidas da estrada
Elizabeth arrancou pela primeira vez em direção a uma parede. Aos doze, com o irmão, levava madeira por estradas onde a fiscalização era tão distante quanto o asfalto. Gostou da lida. Rodou o Nordeste, de Norte a Sul. Colocou os filhos na frente e deixou o marido para trás. Aprendeu que o caminhão é uma máquina de ensinar. Na estrada, fez de um parto uma aula, descobrindo que a vida nasce cada vez que rodamos a chave.

10.Selma Aparecida Oliveira – Ibaiti/PR
Ganhando estrada
Selma é íntima de um rodado. Gosta do que faz e faz como quem gosta. Em cada marcha trocada vê uma vitória conquistada. Cruza com a discriminação, mas liga o pisca e deixa para trás. Come e dorme na estrada, faz do posto sua casa. Com o motor, se entende pelo barulho. Na rotina do asfalto, nem sempre encontra um acostamento. Sonha com um dia mais próspero e um caminhão mais próprio.

11.Marcele Brambilla – C. Mourão/PR
A caminho de uma estrada melhor
Marcele passou 10 anos limpando banheiro. Na curva da humilhação, mudou de rota. Tirou a estrada dos sonhos e engatou uma quarta. Aprendeu na autoescola a dirigir a própria vida. O útil virou motorista e o agradável caminhoneira. Com a porta fechada, sente-se livre. Leva Deus como copiloto, mas no volante é ela mesma. Espera ter combustível para não parar nunca.

12.Ivana do Carmo Tuleski Pereira – Curitiba/PR
Na estrada vou aonde precisa
Ivana é uma frota. Filha, irmã, ex-mulher e namorada de caminhoneiro, encontra na estrada os caminhos da realização e as paradas do destino. Vai aonde precisa. No caminhão se fez humilde e solidária. A vida de casa quase não vive. Seu lar é no asfalto. A carga inflamável não queima sua coragem. Roda sozinha, mas não sem companhia. Quer ir longe e ganhar mais. Trabalhar menos e melhor.