Rafael Kondlatsch, de Mafra (SC)

Revista Carga Pesada

Nos últimos anos o uso de aplicativos para troca de mensagens como WhatsApp e Viber teve grande crescimento, favorecendo a comunicação de indivíduos em grupos. Por essa facilidade, cada vez mais profissionais têm aderido a essas plataformas para  fazer propaganda dos seus serviços na expectativa de fechar negócios.

Em Santa Catarina, um grupo em especial tem conseguido esse objetivo através da cooperação entre caminhoneiros autônomos que transportam contêineres. Por meio do WhatsApp, eles trocam informações sobre cotações de frete e avisam os companheiros sobre cargas disponíveis.

A ideia foi de Clemir José Alves, 41 anos de idade e há 15 no transporte de contêineres. Ele conta que percebeu que muitos motoristas utilizavam o WhatsApp e que algumas transportadoras já faziam o contato por meio dele. “Isso acontecia comigo, mas observei que não existia um grupo especifico para trabalho e resolvi criar o Fretes da Elite, com o contato de alguns amigos, para podermos trocar fretes”. Deu tão certo que hoje já existe o Fretes da Elite 2, também administrado por Clemir.

Para Edgard Mayer Horning, 38 anos e 20 de estrada, o grupo no WhatsApp trouxe uma economia de R$ 1.000 por mês: era o que ele gastava com o agenciamento de cargas. “Não precisei mais de agenciador porque todo o dia o pessoal posta alguma coisa. Quem sabe de alguma carga que não vai carregar já joga no grupo porque alguém pode querer”, conta.

Clemir faz questão de frisar que o objetivo dos grupos é proporcionar a todos a melhor condição possível de trabalho. “Não tiramos frete de ninguém. Apenas transmitimos a informação ao grupo quando alguém que já está carregado fica sabendo de um frete”.

Clemir confidencia que não adiciona pessoas que não conhece – os membros do grupo confiam uns nos outros. Para se manter no Fretes da Elite e Fretes da Elite 2 é preciso seguir algumas regras de comportamento. Por exemplo: evitar assuntos que não digam respeito às cargas e à rotina na estrada, (acidentes, estado da rodovia, congestionamentos). “Eu via em outros grupos do Whats que muita gente só postava besteiras, correntes e pornografia. Aí fizemos as regras. No começo foi difícil controlar alguns, mas com algumas exclusões e chamadas de atenção o problema foi resolvido”, explica.

Os dois grupos somam atualmente 204 motoristas autônomos, alguns com mais de um veículo, o que, nas contas de Clemir, engloba uns 250 caminhões. Originalmente a ideia era apenas para fretes de contêineres, mas, segundo ele, sempre que alguém toma conhecimento de algum frete de outra natureza acaba postando, para que os outros  possam informar algum amigo.

Edgard Mayer Horning consulta o WhatsApp: R$ 1.000 de economia no agenciament

A reportagem da Carga Pesada acompanhou a rotina dos dois grupos de frete de contêineres por alguns dias e atestou a quantidade de informações circulando. Há momentos em que as oportunidades de frete se acumulam. Questionamos se algum dos profissionais utiliza outros aplicativos de fretes, como o Truck Pad ou Quero Frete, e a resposta foi que eles têm pouca utilidade. Segundo Janderson Maçaneiro, 35 anos, 12 como caminhoneiro, esses aplicativos quase não oferecem carga para quem transporta contêineres. “Eles não abrangem todo tipo de transporte. O contêiner é carga regionalizada. Caminhões tanque de inox que carregam químicos, pessoal do frigorífico, ambos autônomos, também são e é muito raro encontrar esse tipo de oferta de carga nesses aplicativos”. Outros caminhoneiros do grupo compartilharam da opinião de Janderson.

 

 

Celular não aposenta o PX

 

Embora as novas tecnologias tenham entrado de vez na rotina do caminhoneiro, o bom e velho PX continua a ser a principal ferramenta de comunicação entre os companheiros de estrada. De acordo com Edgard Horning, o aparelho ainda é muito usado, principalmente quando as viagens são feitas em comboio ou durante a direção. “O WhatsApp só dá para usar com o caminhão parado e onde pega sinal de Internet, já com o PX podemos conversar durante toda a viagem. Esse ainda vai ficar com a gente por muito tempo”.