Luciano Alves Pereira
Revista Carga Pesada
A Scania sueca, hoje controlada pela VW alemã, anunciou um novo modelo de caminhão extrapesado a ser mostrado ao público no final deste agosto. Servirá para marcar os 125 anos da montadora e sua palavra oficial é que adotará “numerosas inovações”
Melhor dizer que elas são radicais, sob a ótica do mercado. E quando isso acontece, os rodo-jornalistas da Europa (e do mundo) consultam seus oráculos já que o segredo, mesmo guardado por dezenas, acaba vazando para centenas de persistentes esmiuçadores de rodo-novidades. Mais ainda quando são desafiados por Christian Levin, vice-presidente executivo de Vendas e Marketing da fabricante. Ele garantiu que “as revelações de 23 de agosto vão deixar todos de boca aberta, tanto de dentro quanto de fora da indústria [de caminhões]”. Ao mesmo tempo, liberou uma singela foto só do volante da nova máquina, a qual, claro, não diz nada.
E por que isso? Ocorre que a ‘novidade avassaladora’ da Scania está na sua configuração bicuda. Bicuda? Saudosista, visto que o último exemplar nesse formato foi vendido na Alemanha em 2005? Não é que os rodo-perseguidores descobriram que o secreto lançamento terá cabine semiavançada, com a grelha do frontal adiantada alguns centímetros à frente? Foto do bruto, coberto de lona está no Google.
Os projetistas da Suécia (nem todos…) querem atender logo às exigências da União Europeia (EU), constantes da Diretiva 96/53. Os comprimentos máximos da composição e os guardiões do bom ar que se respira estão confirmando a superioridade técnica do melhor coeficiente de arrasto aerodinâmico das configurações bicudas ou com capô (Hauber). Outros benefícios estão igualmente na tela, como a tão procurada maior proteção aos ocupantes da boleia, quanto dos que se atiram em colisões frontais. Em contraposição, seu raio de giro ficará mais longo.
Se as especulações se confirmarem, o avanço do motor liberará espaço para certos caprichos estradistas como uma máquina de café e até a superlativa cama de casal a bordo. É o que especulam os fuçadores de segredos das montadoras. Percebe-se sim, nesta proposta, a indiscutível inspiração do american way of trucking (jeito americano de viver do e para o caminhão). O motor também viria no contra fluxo da tendência do mercado, voltado para a redução das cilindradas. Nessa toada a Scania pensaria na requalificação do seu V8, de 17/18 litros, recuperando o trono do King of the Road, cetro hoje nas mãos da Volvo com 750 cv.
De forma oficial, a Casa adianta que o primeiro modelo da nova série será para longo curso. Posteriormente, portes menores seguirão. Aos fervorosos scanistas brasileiros restará a espera, considerando-se que, passado algum tempo, a novidade pousa no Brasil. Nossa capacidade de compra do mercado já foi a maior do mundo. Em 2015, o primeiro lugar ficou com a Alemanha.