Nelson Bortolin
As administradoras de cartão viraram uma espécie de “sócias ocultas” dos revendedores de óleo diesel no Brasil. É mais ou menos assim que o diretor de Postos de Rodovia da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Ricardo Hashimoto, vê o cenário que sucede o fim da carta-frete.
De acordo com a resolução 3.658 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), os caminhoneiros autônomos só podem ser pagos por meio de depósito em sua conta corrente ou através de administradoras de cartão. O problema, segundo os donos de postos de combustíveis, é que essas empresas cobram até 3,5% do valor da venda como taxa pelo serviço.
“Trouxeram um sócio oculto para o meio do nosso negócio”, reclama Hashimoto. Ele ressalta que a relação entre os postos e as administradoras é conflituosa há muito tempo. “Ninguém lembra que (além da taxa) a gente demora 30 dias para receber o valor da transação”, afirma.
Para o diretor, a ANTT deveria ter disciplinado melhor a questão da carta-frete e não transferido para as empresas de cartão a responsabilidade pelo pagamento de autônomos. Questionado se os postos estão se recusando a aceitar os cartões, ele diz que não pode responder a essa pergunta: “Posso ser interpretado como se estivesse tentando dirigir o mercado”, declara.