Vender diesel por meio de cartões habilitados para fazer o pagamento de caminhoneiros autônomos é “inviável”. Quem diz isso é Aldo Locatelli, dono de nove postos de estrada no País, considerado o maior revendedor deste combustível.
“Não dá. As administradoras cobram de 2,5% a 3% pelo serviço. Repassando ao consumidor, isso vai representar R$ 0,06 a mais por litro”, disse ele à Carga Pesada. O único cartão que Locatelli aceita em sua rede é o Repom. Por ter uma relação antiga com a empresa, ele consegue uma taxa bem mais em conta: 0,5%.
O empresário considera um erro o governo ter extinguido a carta-frete. Ele diz que nunca cobrou mais caro dos caminhoneiros para trocar o documento em sua rede. “Sempre troquei com o preço à vista”, afirma.
Ele admite, no entanto, que a prática ocorria. “Existem postos desonestos, existem caminhoneiros desonestos…” Mas, para Locatelli, a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) se apegou “a um detalhe de alguns donos de posto que cobravam mais caro” para extinguir a carta-frete.
O empresário considera injusto o Estado determinar a forma de pagamento dos motoristas. “Você pode receber cheque meu para trabalhar. O motorista não pode. Você pode receber uma duplicata. O motorista não pode”, reclama.
Segundo ele, o novo sistema só é bom para os bancos/administradoras. “O governo pegou R$ 70 bilhões (valor estimado dos fretes por ano no País) e deu para os bancos. E as transportadoras e os caminhoneiros acharam que estavam fazendo bom negócio”, ressalta.
Ele diz não estar preocupado com a possibilidade de perder clientes por não aceitar cartões. “Eu sou o que mais vende diesel no Brasil. Tenho nove postos. Dos nove, tenho cinco ou seis entre os 30 maiores do País. Não tenho que me preocupar”, garante.
Na dúvida, mantém carros disponíveis aos caminhoneiros/clientes em seus postos. Quem chega para pagar o diesel com cartão, pode pegar o veículo, ir até o banco e sacar o dinheiro.
O empresário é o entrevistado especial da próxima edição da Revista Carga Pesada, que circula em julho.