Com alavancagem, diretores dizem que há cerca de R$ 700 milhões para financiar caminhão

Nelson Bortolin

A Paccar, que detém as marcas DAF, Kenworth e Peterbilt, anunciou nesta terça-feira (18), em entrevista coletiva realizada em São Paulo, que o banco do grupo, o Paccar Financial, começou a operar no Brasil. E deve fechar o primeiro contrato de financiamento dos caminhões da DAF produzidos em Ponta Grossa (PR) nas “próximas horas”.

A instituição financeira está investindo R$ 100 milhões no País, sendo 30% na infraestrutura necessária para funcionar anexa à fábrica. E 70% em financiamentos. Com a alavancagem, segundo o diretor-geral, João Petry, seriam cerca de R$ 700 milhões disponíveis para financiar caminhões. A meta é responder por 20% das vendas da marca ainda neste ano e 30%, no ano que vem.

Petry explicou as razões que levaram o grupo a trazer o banco. A primeira é que o mercado brasileiro de veículos de carga é quase que totalmente dependente de financiamento. “Somente entre 10 e 15% dos negócios são feitos à vista.” Ter banco próprio é fundamental para conquistar mercado.

Outra razão é que, embora os bancos comerciais sejam responsáveis pela maior parte dos financiamentos de caminhões, de acordo com o diretor-geral, eles “pisam no freio” sempre que há uma crise como agora. Antes da recessão, os bancos de montadoras não chegavam à marca de 40% de participação nos negócios. Em 2016, atingiram 59%. “Quando está tudo bem, o cliente vai num banco comercial e às vezes até consegue uma taxa melhor. Quanto tem viés de baixa, só fica quem é do ramo”, alegou.

O diretor-geral João Petry

O diretor disse que, pelo fato de estar entrando agora no mercado, o Paccar vai apresentar mais apetite que a concorrência. “O cliente que quer mais oportunidade de negócio terá essa oportunidade conosco porque conosco terá um histórico zerado. Vamos aumentar oferta de crédito no mercado.”

Ele também afirmou que o banco estará aberto ao pequeno transportador e ao caminhoneiro autônomo. “Se tiverem interesse em adquirir um caminhão DAF, daremos todo suporte necessário para eles, vamos ajudar na documentação e ver se têm capacidade de crédito.”

Embora não tenham divulgado nenhum número, os executivos garantiram que as taxas do Paccar são competitivas porque o banco tem o melhor rating (risco) entre os concorrentes. Classificado pelas agências como A1/A+, o Paccar alega ter condições de captar dinheiro mais barato no mercado.

Inicialmente, vai oferecer apenas a linha do CDC. Mas, ainda neste ano, quer fechar o primeiro negócio com o Finame do BNDES, ao qual está em processo de credenciamento. O diretor-geral disse que o leasing não está sendo praticado pelo mercado atualmente. E que esta linha será oferecida quando houver demanda.

O diretor Financeiro do Paccar no Brasil, Anderson Haiducki, contou que o banco começa com três fontes de recursos: capital próprio, dinheiro do banco em outros países, e os empréstimos interbancos. “Quando estivermos maduros também iremos para o mercado de capitais emitir ações.”

A DAF chegou ao País, vendendo caminhões importados, em 2011. Dois anos depois, inaugurou a fábrica em Ponta Grossa.

RECORDE

Em 2018, o grupo Paccar, que tem 114 anos, bateu recorde de receita no mundo. Foram US$ 23,5 bilhões. Há 80 anos, segundo os executivos, está operando no azul e vem distribuindo dividendos desde 1941. No ano passado, o grupo vendeu 198 mil caminhões das três marcas no mundo.

Veja entrevista em vídeo do diretor-geral João Petry: