Nova instituição financeira pretende financiar 30% das vendas de caminhões da montadora
Dilene Antonucci – Revista Carga Pesada
A DAF Brasil espera ter o Banco Paccar funcionando no País dia 1º de janeiro de 2019. A montadora com sede em Ponta Grossa (PR) iniciou processo de autorização no Banco Central em dezembro. A meta é que o novo banco atinja uma participação de 30% no financiamento dos caminhões da DAF, que pertence ao grupo Paccar, com sede em Seattle, nos Estados Unidos.
O diretor de Serviços Financeiros da DAF Caminhões Brasil, João Petry (foto), conta que o banco está presente em todos os países onde o grupo atua. Ele afirma que, desde que chegou ao País, em 2011, a montadora estuda o mercado financeiro. E que a vinda do Banco Paccar seria natural em algum momento. De início, a empresa fez parcerias com Bradesco e Itaú para o financiamento dos caminhões.
“Quando chegamos no Brasil, os bancos comerciais respondiam por 70% de todo o mercado de caminhões. Fazia mais sentido termos parcerias com bancos comercias (do que implantar o banco próprio)”, declara. Mas com as mudanças que o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) implantou em 2015, reduzindo sua participação neste mercado, a DAF entendeu que seria o momento para trazer o banco próprio. Os estudos internos começaram naquele ano.
“Se olharmos o histórico, vamos perceber que nos anos em que o Brasil teve crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), os bancos comerciais tiveram 60% ou mais de participação no mercado de caminhões. Nos anos em que o PIB caiu, os bancos de montadoras cresceram bastante. Decidimos trazer o Banco Paccar (durante a crise) porque percebemos que os bancos de montadoras estão sendo mais acionados”, explica.
A DAF elaborou um plano de negócios de cinco anos, que já foi aprovado em Seattle e deve ser entregue ao Banco Central em 30 dias.
Segundo o diretor, não há soluções “milagrosas” que o novo banco possa trazer para o mercado de caminhões brasileiros. Mas ele poderá oferecer um serviço melhor ao cliente, com agilidade no trâmite do processo. “O banco e a montadora funcionam em sinergia. Ao final do dia, os dois têm objetivos complementares de vender e financiar caminhões DAF”, ressalta.
Ele diz que o apetite do banco comercial em financiar caminhões varia muito e por isso cresce a importância do banco próprio. “Muitas vezes, a área de caminhões do banco comercial quer financiar para um cliente x, mas o gerente precisa bater meta de cartão de crédito ou outro produto que será mais rentável”, ressalta.
CDC
Com a queda na taxa básica de juros da economia – a Selic -, que teve início em outubro do ano passado, Petry acredita que outras linhas de financiamento, além do Finame, devem ganhar participação no mercado. “Com Selic a 8,5% no final do ano, conforme estimam os analistas, e TJLP (taxa de juros de longo prazo) a 7%, os bancos poderão oferecer mais CDCs e leasing”, afirma. Ele lembra que, apesar de não oferecer carência, o CDC permite financiar 100% do valor do bem, enquanto no Finame são no máximo 80%.
Mesmo assim, segundo o diretor, o BNDES ainda vai continuar respondendo por 50% dos financiamentos. “O Finame vai mudar algumas regras, mas vai continuar fomentando o pequeno e médio empresário que é a expertise dele. Se pegar desde 2006, que é quando a gente começou a ter pesquisa de mercado, o BNDES tem no mínimo 50% de participação”, conta.
De acordo com Petry, a parceria com o Consórcio Randon para compra de implementos continua, mesmo após a chegada do Banco Paccar. “O nosso métier é financiar caminhões. Vender consórcios é um negócio muito diferente. Preferimos manter a parceria.”