Cada vez mais, eles tomam conta das marginais e, por extensão, de toda a cidade. Caminhões pequenos e leves, os VUCs (Veículo Urbano de Carga), com 6,3 metros de comprimento e pouco mais de 3,5 toneladas, substituem os velhos caminhões, grandes e pesados, que atravancavam o trânsito.
Faz três anos que a frota paulistana de caminhões registra sucessivas quedas. Eram 165 mil em 2009. Hoje são 154 mil. O número dos caminhõezinhos VUCs, por outro lado, não para de crescer. Em 2009, 6,5 mil entraram nas ruas da cidade. No ano passado, 9.871 foram incorporados à frota do município. Nos últimos cinco anos, 35 mil passaram a rodar nas vias públicas paulistanas.
Os VUCs estão por toda a parte. Tomaram conta das marginais, onde a circulação de caminhões maiores sofre restrições, e podem ser vistos na chamada Zona Máxima de Restrição à Circulação de Caminhões, que ocupa 100 quilômetros quadrados na área nobre de São Paulo. Lá, os VUCs podem rodar livres das multas de trânsito, das 10h às 16h.
Como os outros veículos, os VUCs têm de obedecer o rodízio municipal e não podem circular por determinados corredores, como o Rebouças/Consolação, Santo Amaro/9 de Julho e 23 de Maio. É por isso que a quantidade de vans, utilitários e caminhonetes, que não sofrem restrições, também tem crescido na cidade.
Desde 2008 a Prefeitura adota medidas para restringir a circulação de caminhões. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informa que, de lá para cá, o tráfego de caminhões caiu de 210 mil para 190 mil.
Com a redução, diminuíram os acidentes. De 2007 a 2011, as mortes desceram de 200 para 187 e os pedestres atropelados, de 61 para 48.
Em um ano, os casos de caminhões quebrados na principal via da cidade, a Marginal Tietê, tiveram redução de 262 para 202. De acordo com a CET, o dado é relevante porque a remoção de um veículo pesado leva no mínimo 30 minutos para ser feita. A CET não quis comentar o impacto dos VUCs no trânsito em São Paulo.
BAÚS/A Anfir (Associação Nacional de Fabricantes de Implementos Rodoviários) informou que, de 2008 a 2011, empresas de transporte sediadas em São Paulo compraram 6.768 baús para VUC e caminhões leves. O número não leva em conta as empresas de transporte das cidades vizinhas, cujos veículos também circulam em São Paulo e ajudam a complicar o trânsito.
José Carlos Vidoti, diretor de vendas da Facchini, a maior produtora de baús do país, disse que a empresa vende cerca de 280 baús por mês para caminhões pequenos na cidade. “Houve um crescimento de 50% nas vendas desde as restrições aos caminhões maiores”, afirmou Vidotti.
Já Aldo Corsinio, diretor comercial da Metalcar, outra produtora de baús, estimou em cerca de 40% o aumento das vendas para caminhões pequenos na cidade nos últimos quatro anos. “Comercializamos umas 80 unidades por mês”, relatou ele.
O presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros, Claudinei Pelegrini, critica os VUCs. “Um caminhão de 10 a 12 metros leva 14 mil quilos de carga. O VUC, de 6 metros, carrega em média 2 mil quilos”, disse ele. “Precisamos de sete VUC para um caminhão”, apontou Pelegrini.
Paulo Adamo, engenheiro de vendas da Iveco, discordou. “O VUC pode levar de 1 mil a 5 mil quilos de carga. É ágil como um carro e tem maior velocidade operacional, com menos tempo de carga e descarga. Dá para atender mais clientes ao mesmo tempo”, disse Adamo.