O brasileiro Rafael Hoffmann recebeu um aviso de que precisaria passar por San Luis em seis horas
Nelson Bortolin
Ao chegar em San Luis, às 16 horas desta quinta-feira (18), o caminhoneiro brasileiro Rafael Hoffmann recebeu um aviso de que teria até às 22 horas para deixar a província argentina. As autoridades locais deram seis horas para ele chegar à Mendonza, onde as regras de isolamento social são diferentes.
Hoffmann e a mulher, Denize
“Todo mundo que faz o Corredor Bioceânico, inclusive os motoristas argentinos, tem prazo para fazer a viagem”, conta. Segundo ele, as autoridades de trânsito não deixam claro qual é a punição que pode sofrer quem não cumpre o horário e nem se o motorista pode parar para descansar ou ir ao banheiro. “Ouvi dizer que um rapaz chegou para abastecer no posto, desceu do caminhão e foi multado. Acho que pode abastecer, mas não pode descer do veículo”, explica.
As placas nas rodovias, como se vê na foto que o brasileiro enviou à Revista Carga Pesada, precisam ser seguidas à risca. Só pode entrar em alguma cidade argentina o motorista que tiver alguma entrega para fazer no local.
Autorização para Hoffmann atravessar a província vale das 16 às 22 horas
“Quando é preciso entrar na cidade, verificam a nossa temperatura. A gente responde a um questionário de saúde e passam um produto (desinfetante) no caminhão”
Hoffmann, que está a caminho do Chile, com uma carga de embalagens plásticas, reclama de informações desencontradas e de diferenças de legislações. E também da grosseria dos policiais argentinos.
Mas não tira toda a razão dos vizinhos. “Existe um certo exagero, mas como o é tudo novo (pandemia), não sei até onde eles estão pecando e até onde estão sendo corretos.”
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) disponíveis pelo Google mostravam nesta tarde a morte de 46.842 brasileiros pelo novo coronavírus e um total de contaminados que ultrapassava 965 mil. Já, na Argentina, são apenas 931 mortes e 35,5 mil contaminados.
Mesmo quando levada em conta a proporção demográfica, a diferença é muito grande. A população brasileira é 4,7 vezes maior que a argentina, mas o número de mortos é 50 vezes maior aqui. E o total de contaminados no Brasil é 27 vezes maior que o do país vizinho.
Para Hoffmann, há displicência no combate à epidemia no Brasil. “O brasileiro não gosta de seguir regras.”
Ouça mensagens enviadas por ele à reportagem.