Modalidade EAD cresce no país e é oferecida por quase 50 instituições

Nelson Bortolin

Cada vez mais caminhoneiros brasileiros estão recorrendo ao ensino a distância (EAD) para realizar os cursos obrigatórios de Movimentação e Operação de Produtos Perigosos (Mopp) e Transporte de Cargas Indivisíveis. A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) tem quase 50 instituições homologadas para ofertar essas capacitações online, facilitando o acesso dos profissionais que passam longos períodos nas estradas.

O Sest Senat está entre as instituições credenciadas, embora com abrangência restrita: atualmente, apenas as unidades de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Alagoas, Ceará, Paraná e Pernambuco oferecem os cursos na modalidade EAD. São duas opções disponíveis: o curso de formação, voltado a quem fará o treinamento pela primeira vez, e o curso de atualização, obrigatório a cada cinco anos para motoristas que transportam cargas perigosas ou indivisíveis.

Segundo o diretor do Sest Senat de São Vicente (SP), Sérgio Luís Gonçalves Pereira, apenas motoristas com CNH emitida em São Paulo podem se matricular nas 32 unidades do estado. “Tem direito à gratuidade todo motorista empregado que comprove vínculo com uma empresa de transporte. Os autônomos também podem fazer de graça apresentando RPA ou carta-frete”, explica.

Vídeo produzido por João Batista Dominici, com IA

Para os demais profissionais, o curso de formação no Sest Senat paulista custa R$ 390, enquanto o de atualização sai por R$ 290. Pereira ressalta que, no curso de atualização, todo o processo – da matrícula à emissão do certificado – é feito 100% online. Já para os alunos de primeira habilitação no Mopp ou carga indivisível, é preciso realizar uma prova prática ao final. “Após concluir o treinamento, o motorista recolhe uma taxa ao Detran e pode agendar o exame pelo Poupatempo ou pelo site do órgão”, informa.

Prova após cada aula

A Escola Estrada Fácil também aposta no formato digital e oferece cursos de Mopp e de Carga Indivisível a distância há mais de dez anos. De acordo com o diretor Jefferson Mendes, a experiência tem se mostrado eficaz. “Acho até mais efetivo o curso a distância porque o caminhoneiro precisa fazer uma prova após cada aula”, afirma.

Mendes explica que, ao concluir o curso de atualização, a própria escola comunica o Detran em que o motorista tem a CNH registrada, para que a informação conste diretamente no documento. No caso dos cursos de formação, o aluno é orientado a agendar a prova prática. “A prova precisa ser feita no Detran onde a CNH está registrada. Se o caminhoneiro mudou de cidade, deve transferir o documento ou voltar à cidade de origem para realizar o exame”, detalha.

Na Estrada Fácil, o curso de formação custa R$ 299, e o de atualização, R$ 249, com parcelamento em até três vezes sem juros. Para quem faz o curso pela primeira vez, há ainda uma taxa de prova prática, que pode variar de estado para estado, chegando a cerca de R$ 100.

O diretor ressalta que o modelo definido pela Senatran exige uma sequência de aprendizado. “O aluno assiste à aula, estuda a apostila e depois faz a prova. Não dá para fazer tudo no mesmo dia”, afirma. Após a conclusão e aprovação em todas as etapas, a escola comunica oficialmente o Detran sobre o resultado. “Concluiu e passou em todas as provas, eu aviso o Detran que aquele aluno concluiu com aproveitamento”, completa Mendes.

Modalidade mais viável

Para João Batista Dominici, presidente da Associação Brasileira de Logística Pesada (Logipesa), o formato EAD é uma solução viável e necessária para o setor. “Os cursos presenciais têm mais eficácia prática, mas são pouco viáveis na rotina dos motoristas. O EAD traz acessibilidade e flexibilidade. O ideal seria combinar os dois formatos para garantir segurança e qualidade na formação”, avalia.

Segundo a Senatran, os cursos de formação têm carga horária mínima de 50 horas/aula, e os de atualização, 16 horas/aula, conforme os itens 6 e 7 do Anexo II da Resolução Contran nº 789/2020.

A secretaria acrescenta que, segundo o inciso IV do item 6 da mesma norma, a carga horária presencial diária deve ser ajustada às necessidades do público-alvo, não podendo ultrapassar 10 horas/aula por dia em regime intensivo.