Fonte: Mie Francine Chiba/Folha de Londrina
Continuou hoje (23 de fevereiro) a paralisação de transportadores autônomos nas rodovias do Paraná. O baixo valor do frete, o aumento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), o pedágio e o preço do combustível são as principais queixas da categoria. Segundo a Polícia Rodoviária já existem pelo menos 24 pontos de paralisação no Estado: na praça de pedágio de Arapongas no norte do estado e na região oeste em Medianeira, Santo Antônio do Sudoeste, Nova Prata do Iguaçu, Pérola d’Oeste, Realeza, Capitão Leônidas Marques, Francisco Beltrão, Verê, Itapejara d’Oeste, Dois Vizinhos, Marmeleiro e Clevelândia.
As informações são do presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sinditac) de Francisco Beltrão e Região Sudoeste, Janir Bottega. “Estamos colocando 50%, 60% do valor do frete dentro dos tanques”, disse. O presidente do Sinditac afirma não ter conhecimento do número de transportadores participantes, mas declara que há potencial para que esta manifestação se transforme em uma greve nacional. “Tem tudo para evoluir para uma greve nacional”, afirma. “As entidades, centrais sindicais, estão entrando com uma pauta única.”
Segundo Bottega, a paralisação começou tímida na semana passada, foi suspensa por causa do feriado de carnaval e retomada na quarta-feira. “Estamos em busca de novas adesões que deem repercussão nacional para que se negocie com o governo”, afirma. De acordo com ele, além do Paraná, em Mato Grosso, Rio Grande do Sul e na região oeste de Santa Catarina também há adesão.
“É melhor parar do que trabalhar desta forma”, disse o transportador autônomo Valdecir Mattia, que ontem fazia parte de um dos bloqueios, em Medianeira. Para ele, o preço do pedágio e do diesel tornam inviável o trabalho de transportador. “Dinheiro não existe.”
Em Londrina e Região não há paralisações e, por enquanto, não estão previstas ações, declarou o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Londrina, Carlos Roberto Della Rosa. Segundo ele, que também é vice-presidente da Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens (Fenacam), a ideia é reunir lideranças de todo o País para fazer uma manifestação única ao invés de realizar eventos isolados.
De acordo Carlos Alberto Litti Dahmer, vice-presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a paralisação dos caminhoneiros foi de iniciativa dos próprios transportadores, e não teve relação com nenhum sindicato do Estado. No Rio Grande do Sul, havia ontem pelo menos sete pontos de bloqueio nas rodovias. Conforme explica Dahmer, os transportadores se revezavam na paralisação. Cerca de 300 caminhões foram parados por hora naquele Estado. “Estamos acompanhando a pauta entregue ao governo há duas semanas.”
No último dia 11, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes da Central Única dos Trabalhadores (CNTT-CUT)entregou o documento ao ministro Miguel Rosseto, com 16 reivindicações – entre elas, a criação de um programa permanente de financiamento destinado à renovação de frota de autônomos e a criação de tabela mínima de frete para o transporte autônomo.
Gilberto Antônio Cantú, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), afirma que o sindicato tem se manifestado por meio da mídia e em reuniões com o governo sobre a situação em que o setor se encontra atualmente. “Este é um momento complicado para as empresas de transporte. Os custos têm sofrido um aumento significativo, o mercado está retraído, a atividade econômica está fraca. Encontramos uma dificuldade grande para repassar nossos custos e isto é vital para a sobrevivência das empresas. Fazia anos que não tínhamos um momento tão conturbado.”