É o caso de José Alves do Nascimento, 75 anos, de Cambé (PR), que no final de outubro passou vários dias parado em um posto de combustível aguardando carga de grãos para sua LS. “Hoje o pessoal só está querendo carreta que leva 40, 50 toneladas (líquidas). Até para o Bitrem (sete eixos) está difícil”, conta.
Marcos Paulo Clemente, de Bela Vista do Paraíso (PR), confirma a situação. Ele é dono de um Bitrem. “Desde que começou essa fiscalização, está mais difícil para a gente conseguir frete. Quando a viagem é curta, nem tanto, mas para Paranaguá, por exemplo, está bem mais complicado. Só querem 9 eixos”, relata.
Um caminhoneiro autônomo de Dourados (MS), proprietário de uma carreta 3 eixos, também procurou a Revista Carga Pesada e confirmou que está praticamente sem trabalho. “O problema é essa tabela de frete da ANTT. Ela foi feita de um jeito que agora as transportadoras só querem contratar carreta grande, de nove eixos e assim por diante.”
Segundo ele, a diferença nos valores tem inviabilizado o trabalho de quem possui caminhões menores. “Aqui na nossa cidade estão pagando R$ 34 para a LS e R$ 31 para o nove eixos. Aí nós, proprietários de três eixos, vamos ficar como? Vamos morrer de fome.”
O caminhoneiro afirma ter procurado a própria ANTT para entender a situação. “Liguei lá e disseram que o problema é no Brasil inteiro, que está gerando confusão, até briga em alguns lugares.”
Apesar da expectativa de melhora durante a próxima safra, ele não esconde a preocupação. “Acredito que na safra vai melhorar, mas você não vive só de safra. Do jeito que está, vai ser difícil segurar”, lamenta.