Depois de instalado o equipamento, veículos precisam passar por inspeção veicular o obter novo CSV

Nelson Bortolin

Entrou em vigor dia 1º de janeiro a obrigatoriedade de novos dispositivos de segurança para carretas basculantes e caçambas basculantes. Regulamentada pela resolução 563/2015, a novidade atinge todos os implementos do tipo em circulação no País. Os donos desses veículos podem optar por dois sistemas, o A ou o B.

O primeiro consiste num combinação de dois dispositivos: um que exige do motorista ou operador dois comandos para acionar a tomada de força e outro que emite aviso visual e sonoro quando o basculamento está sendo realizado. Já o tipo B combina o primeiro dispositivo do tipo A com outro eletrônico que desliga a tomada de força, evitando a elevação da carreta, toda vez que o veículo atinge 10 quilômetros por hora ou mais de velocidade.

Com a resolução, o Contran quer evitar acidentes como o que ocorreu na Rodovia Anchieta, em São Bernardo do Campo, em novembro de 2015, quando uma carreta basculada derrubou uma passarela. Veja abaixo imagens da TV do Diário do Grande ABC.

Gerente de pós-venda da Rodoeste, concessionária Randon em Cuiabá, Rodrigo Stecanela conta que a procura pelos equipamentos começou em julho do ano passado e muita gente ainda não os instalou. Na Rodoeste, só está disponível o do tipo A, a um custo de R$ 350. “Nós instalamos embaixo do banco do motorista”, conta. Stecanela diz não entender como ocorrem os acidentes com carreta elevada, uma vez que, sem os complementos trazidos pela resolução 563,  os sistemas já seriam bem seguros. “O motorista têm de acionar uma alavanca que sobe e desce e que conta com dispositivo de trava”, alega.

Depois de instalado o equipamento, o motorista precisa levar o veículo para inspeção veicular, já que a resolução, em seu artigo 5º, estabelece: “A apresentação do Certificado de Segurança Veicular (CSV) será exigida anualmente para o licenciamento destes veículos.”

A reportagem apurou que uma inspeção do tipo sai entre R$ 500 e R$ 700 por veículo, sem as taxas do Detran.

BRONCA

Diretor executivo da Associação dos Transportadores de Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes não é contrário à instalação dos equipamentos, mas critica a burocracia e os custos.  “O dispositivo de segurança não modifica as característicos do veículo onde é instalado, e muito menos nos semirreboques basculantes que não sofrem qualquer tipo de alteração. Mesmo assim, a resolução do Contran exige inspeções periódicas de segurança anuais. E só libera o licenciamento destes veículos após a emissão do Certificado de Segurança Veicular (CSV)”, afirma.

De acordo com ele, em sua região (Rondonópolis), o proprietário de um bitrem basculante terá que desembolsar em torno de R$ 4 mil neste primeiro momento para atender à nova legislação e em torno de R$ 2 mil ao ano para custear as inspeções periódicas.

O engenheiro mecânico Rubem Penteado de Melo, da TRS de Curitiba, diz que os novos dispositivos de segurança são importantes pois evitam que os motoristas acionem a tomada de força sem querer durante a viagem. E garante que os acidentes do tipo são “frequentes”. Para ele, a inspeção do sistema é importante, já que os equipamentos podem ser adulterados. “É uma questão muito técnica, não dá para deixar para a fiscalização da Polícia Rodoviária”, entende.

O engenheiro não acredita que o Contran irá exigir dos transportadores que façam duas inspeções veiculares por ano. Para ele, aquela prevista na resolução 563 será substituída pela mais abrangente instituída pela 716, que passa a ser obrigatória no ano que vem.

A reportagem questionou a assessoria do Contran a esse respeito, mas ainda não obteve resposta.