Fonte: Valor Econômico
Uma iniciativa inovadora da Associação Brasileira do Alumínio, em parceria com a paranaense Noma, está desenvolvendo carrocerias de caminhão inteiramente de alumínio com tecnologia brasileira.
O projeto Carga Seca, financiado por um consórcio de dez empresas do setor com orçamento de R$ 300 mil, começou em 2011, com o levantamento de informações no mercado. Até agosto deste ano serão construídos três protótipos – um deles para exibição e dois para testes em condições reais de uso nas rodovias.
A produção comercial, prevista para começar em 2014, trará benefícios para as transportadoras e também para a malha rodoviária. Como o alumínio é mais leve que o aço, permite que o caminhão transporte mais carga sem aumentar o seu peso total. Há dois públicos-alvo para o produto: as transportadoras de grande porte e os autônomos, cada segmento com uma frota de um milhão de veículos.
“O alumínio tem fama de ser mais caro que o aço e a madeira, o que, em termos de preço inicial, é verdade, mas ninguém faz a conta dos benefícios financeiros de sua adoção e temos estudos que comprovam isso”, diz o engenheiro metalúrgico Marcelo Gonçalves, consultor da Abal para o projeto Carga Seca. Em um semirreboque graneleiro, o peso cai de nove para sete toneladas.
Uma simulação aponta que, no período de um ano, essa diferença corresponde a um lucro 3,6 vezes maior por veículo. Se considerado um tempo de dez anos de vida útil para o caminhão, uma empresa com frota de cem veículos teria lucro de R$ 12 milhões no período utilizando carrocerias de aço, e de R$ 42 milhões com as de alumínio. Uma carroceria de aço custa hoje em torno de R$ 61 mil e o retorno do investimento ocorre em 68 meses. Já a de alumínio custa R$ 85 mil, mas se paga em apenas 25 meses.
Gonçalves cita também o transporte de cana-de-açúcar, cuja safra se aproxima de 700 milhões de toneladas anuais no Brasil. Com a carroceria de alumínio, é possível reduzir em 10% o peso de um bitrem de 50 toneladas de capacidade, o que permite levar cinco toneladas a mais de cana. Essa diferença representa quase 1,5 milhão de viagens por safra. O engenheiro atribui o pouco uso de carrocerias construídas com o metal no Brasil – ao contrário do que ocorre na Europa, por exemplo – à falta de conhecimento sobre suas propriedades e vantagens. O alumínio é leve, macio, resistente e reciclável, com densidade de um terço do aço, grande durabilidade e alta resistência à corrosão.
Os três protótipos serão montados a partir de maio pela Noma do Brasil, empresa familiar com 1.500 empregados instalada no município paranaense de Sarandi, próximo a Maringá. “O que nos motiva a participar dessa parceria é que desde 2007 desenvolvemos uma campanha para incentivar a produção de carrocerias cada vez mais leves”, diz o gerente de engenharia de produto Josué Correia de Araújo.