“Aprendemos com os erros da Sinotruk e não vamos repetir a mesma estratégia. Somos empresas distintas. Nossa prioridade será garantir a manutenção dos caminhões que forem vendidos no Brasil”. Foi o que disse hoje a um grupo de jornalistas brasileiros convidado a visitar a planta da Xi’an o diretor de exportação da montadora chinesa Shacman Li Jian.
Com capacidade para produzir 200 mil caminhões por ano, a empresa tem planos de tornar o Brasil o segundo maior mercado da marca superando apenas o chinês. Com plantas instaladas via transferência de tecnologia – ou seja, sem investimento direto – no Irã, Sudão, Etiópia, África do Sul, Cazaquistão e Malásia, a Shacman comercializou 95 mil caminhões em 2013. Para 2014 a meta é repetir a marca de 120 mil unidades conquistada em 2011. Na China a montadora dispõe de uma rede de 200 concessionários e cerca de 3.500 pontos de apoio para manutenção.
Os problemas enfrentados pela Sinotruk, outra montadora chinesa que também comercializa caminhões no Brasil, começaram depois do programa Inovar Auto que aumentou a taxação de IPI sobre os veículos importados procurando estimular a fabricação local. A Sinotruk chegou a anunciar o início do funcionamento da sua fábrica em Lages (SC) para 2016, mas não se pronunciou mais sobre seus planos efetivos no Brasil.
Com isso, restou para a Shacman a missão de quebrar o receio dos transportadores quanto aos caminhões chineses. No Brasil a empresa é representada pela Metro-Shacman que está instalando uma fábrica na cidade paulista de Tatuí: “Nossa expectativa é conquistar 1% do mercado de caminhões pesados no Brasil, ou seja, vender ao ano em torno de 1200 caminhões até 2016 e ir ampliando conforme a resposta do mercado”,esclareceu Reinaldo Vieira, diretor de Marketing e Comunicação, durante a visita. A fábrica brasileira poderá ser base de exportação para outros países da América Latina e Mercosul.
A primeira loja no Brasil foi aberta em abril do ano passado, em Sorriso (MT), celeiro do agronegócio. É da própria Metro-Shacman e já vendeu cerca de 50 caminhões. A empresa entregou a representação em Minas Gerais e no Espírito Santo à rede de postos Faisão. Serão abertas outras cinco, todas em postos, menos a de Viana (ES). O eixo da BR-163 é prioridade: Cuiabá e Santarém estão em vista. Outros parceiros existem, para Ceará, Maranhão, Piauí, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e em breve também para São Paulo.
Os três modelos que estão sendo comercializados no Brasil têm preços bem mais em conta que os de outras marcas. O TT 420 6×4 custa R$ 277 mil, o TT 385 6×4, R$ 270 mil, e o TT 385 4×2, R$ 242 mil. “Estamos lançando um plano de financiamento de 36 meses com taxas e condições bem parecidas com as do Finame. Em breve divulgaremos mais detalhes”, adiantou Vieira.
Foi a primeira vez na história da fábrica, fundada em 1968, que um grupo de jornalistas foi convidado a visitar as instalações. Não foram permitidas fotos da linha de montagem mas a Shacman aproveitou para apresentar a nova cabine X 3000 – sucessora do modelo atual F 3000 – e que deverá estar em breve no Brasil. Com nova grade frontal, novo conjunto ótico e painel mais envolvente, as mudanças buscaram deixar o caminhão mais bonito e mais confortável.
Representantes da empresa adiantaram também que um novo projeto de cabine está em andamento a partir de um trabalho conjunto com uma empresa de design da Áustria. “A X 3000 é uma evolução da F 3000. Este novo projeto prevê linhas e detalhes de acabamento totalmente novos”, adiantaram.
A nova edição da Revista Carga Pesada – em breve neste site – trará um panorama geral sobre a atuação das novas marcas de caminhões que estão chegando ao mercado brasileiro.
Nota da Redação: Se você tiver alguma curiosidade em relação à operação da Shacman no Brasil ou no mundo, utilize o espaço abaixo e envie sua pergunta que procuraremos a resposta diretamente junto à diretoria da empresa durante esta visita à fábrica na China.