Mais de 200 dos 500 expositores da feira de autopeças Automec, realizada em abril no Anhembi, em São Paulo, eram chineses. A terceira edição da Feira Internacional de Peças, Equipamentos e Serviços para Veículos Pesados e Comerciais trouxe mais uma demonstração do interesse que o mercado brasileiro tem despertado em outros países.
Um expositor gaúcho, fabricante de para-lamas, que emprega 175 pessoas, reclamou da concorrência: “Perdemos várias vendas para os chineses; os preços das peças e componentes deles são de 25% a 40% mais baixos”. O governo dobrou o valor do imposto sobre importação recentemente, mas, mesmo assim, o produto de fora continua mais barato que o produzido aqui: “Nossa carga tributária é muito alta”, reclama.
Não foram apenas os chineses que apresentaram produtos ao mercado brasileiro, expositores de outros países também aproveitaram a Automec. A Sefac, francesa, exibiu elevadores para manutenção de veículos pesados, o que inclui trens – já é fornecedora do Metrô do Rio de Janeiro.
Os fabricantes nacionais levaram novidades que vão de componentes para os novos motores Euro 5 aos freios ABS para atender as exigências da lei a partir de 2013.
Conheça algumas das novidades da Automec
As marchas contam com amortecimento principal, preparado para filtrar as vibrações torcionais dos motores eletrônicos e mecânicos, protegendo os componentes da caixa de câmbio contra quebras prematuras.
Segundo os técnicos da Eaton, por terem que buscar constantemente a melhor relação de consumo e de emissões de poluentes, os motores eletrônicos vibram mais, o que também demanda reforço em alguns componentes. A nova embreagem funciona como um filtro com capacidade de reduzir em até cinco vezes essas vibrações.
Como no segmento de veículos extrapesados pelo menos 70% das embreagens utilizadas são remanufaturadas, outro destaque foi a linha Reman. É composta por transmissões, sincronizadores e embreagens que custam 30% a 40% menos que as novas.
Segundo Rogério Luiz Ragazzon, diretor comercial da Fras-le, pelo menos 70% dos negócios da empresa, de lonas e pastilhas, são voltados para o mercado de reposição.
Nascida de uma joint-venture entre a Randon e a Meritor, a marca de freios Master está presente em mais da metade da frota circulante de veículos comerciais e rebocados no Brasil. A empresa apresentou o freio S Came 325mm HD, o freio a disco Elsa, a Câmara HO e sistemas de atuação (válvulas pneumáticas), além de componentes para o mercado de reposição.
O diretor Esdânio Pereira disse que a empresa está se preparando para atender a grande demanda que virá, a partir de 2013, por freios ABS. A legislação prevê que, no ano que vem, 40% dos cavalos tratores e das carretas produzidas no Brasil terão que dispor de freios ABS. A partir de 2014, todos terão que ter ABS. “Temos uma longa parceria com um grande fabricante, a Haldex, e nosso produto é homologado e adaptado para a realidade brasileira”, explicou.
ELEVADORES – A francesa Sefac fabrica há 40 anos colunas móveis de elevação para veículos pesados e conta com mais de 20 mil clientes no mundo – oficinas para manutenção de ônibus urbanos ou interurbanos, concessionários de todos os tipos de caminhões pesados, além dos segmentos de trens, máquinas agrícolas e construção.
As colunas permitem elevar os veículos pelas rodas. Não ocupam espaço quando não estão sendo usadas, ao contrário dos fossos e das valetas de inspeção. Por serem eletromecânicas, as colunas são mais seguras, porque não há risco de vazamento de óleo.
Depois de levantado, o veículo pode manter-se suspenso com ajuda de cavaletes. Assim, libera-se a coluna móvel para erguer outro caminhão.
Cummins produz seu 1.000.000º motor
Em abril foi produzido o milionésimo motor Cummins brasileiro – um ISL 9 litros de 330 cavalos, lançado no início deste ano para atender às normas de emissões Proconve P7/Euro 5.
“Levamos 37 anos para chegar nesse marco, mas vai demorar muito menos do que isso para atingirmos os dois milhões”, disse o vice-presidente da empresa, Luis Afonso Pasquotto.
Em visita ao País, o presidente da Cummins, Tom Linebarger, entregou o motor ISL ao diretor da Ford Caminhões, Oswaldo Jardim. “A Cummins é responsável por grande parte de nosso sucesso”, afirmou Jardim.
Nesses 37 anos, a Cummins Brasil passou de 363 motores produzidos em 1974 para 112 mil no ano passado.