Frente Parlamentar Mista do Biodiesel cobra aumento da porcentagem de biodiesel de 10% para 12%

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgou documento no qual expressa sua preocupação com a possibilidade da retomada da elevação da mistura do biodiesel no diesel.

“A medida só beneficia a indústria de biodiesel, aumentando o preço do diesel, a sua quantidade consumida, poluindo mais e gerando mais inflação. Essa proposta não necessariamente representará aumento da oferta do combustível, tampouco a diminuição do preço final do produto”, diz a CNT.

No Congresso Nacional, a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel e os representantes do setor sugerem que o governo aumente a porcentagem da mistura do combustível no diesel de 10% para 12% ainda neste ano. A medida serviria para enfrentar o risco de desabastecimento no segundo semestre.

À Agência Brasil, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais, André Nassar, disse que se o índice subir para 12%, haveria um incremento de 1,2 bilhão de litros na produção de biodiesel entre julho e dezembro.
Segundo Nassar, a indústria está preparada para atender a possível demanda, mas precisa de um sinal do governo.

Para a CNT, a “operação de transporte apresentou diversos problemas técnico-mecânicos em virtude das especificações inadequadas que comprometem a qualidade da mistura em percentuais elevados de biodiesel no diesel”. Entre os problemas detectados, segundo a entidade, consta o aumento do consumo de combustível, agravando ainda mais a escassez de oferta.

“Outro ponto importante é que o aumento da mistura do biodiesel não vai reduzir a emissão de poluentes, ao contrário, vai aumentar, justamente por causar problemas no sistema de motor que levam ao comprometimento da queima do combustível que se dá na câmara de combustão. O aumento de consumo de combustível, provocado pela queda de performance nos veículos de ciclo diesel, abastecidos com teor de biodiesel acima do que os seus motores são capazes de processar, aumenta a emissão de poluentes”, diz a confederação.

A CNT considera que é preciso garantir a previsibilidade aos consumidores mediante a manutenção dos 10% de mistura ao longo de todo o ano de 2022, conforme decidido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em 29 de novembro de 2021. “É fundamental que seja mantido o compromisso do governo com os princípios da tecnicidade, previsibilidade, transparência, segurança jurídica e regulatória aos setores econômicos.”