LUCIANO ALVES PEREIRA

 

Deve vir para as concessionárias em meados de 2013 o esperado modelo extrapesado do Ford Cargo e seu ‘acabamento final’ está sendo ultimado no campo de provas da montadora em Tatuí (SP), sob a supervisão de engenheiros da Otosan, afiliada turca da Ford. A configuração do cavalo-mecânico 4×2, situado na classe das 40 toneladas de PBTC, já ganha as estradas na Europa, onde apareceu com dupla e surpreendente novidade. Primeiro, por a marca estar de volta ao mercado europeu de extrapesados, do qual se ausentou durante décadas (sua mira voltou-se para as vans Transit). Também pelo seu “look de personalidade”, fruto da frente bem resolvida, segundo o conceito kinetic-design apresentado quando do lançamento do novo modelo no Brasil em 2011 ou conforme explicado por fonte da Ford, “ele passa a ideia de imagem em movimento”. Rômulo Peixoto, consultor de vendas da concessionária Pisa, de Contagem (MG), resume tudo em “cabine impactante”.

O seu grafismo inovador merece palmas. Consegue romper com a mesmice estilística dos demais fabricantes de caminhões de configuração cara-chata, na qual o peitoral em forma de trapézio invertido não escapa das taliscas ou elementos horizontais, repetidos no Scania, MAN, Iveco e mais recentemente nos lançamentos da DAF e Daimler, respectivamente modelos XF e Arocs.

O Cargão é filho de vários ‘pais’. A Ford Brasil é coautora, mas no topo a Otosan, da Turquia. Lá a Ford americana constituiu uma joint-venture com a poderosa família Koc, onde produz caminhões e vans Transit. O alvo imediato do novo Cargo 1846 T são os países do Europa Central, Rússia, África do Sul e Oriente Médio. Ao contrário do que se pensou no Brasil, seu motor não é o Cummins, mas o Cursor da Iveco. Ele desloca 10,3 litros de cilindrada, podendo desenvolver 430 cv (Euro 3) e 460 cv (Euro 5). E como tal o veremos por aqui.

Os parentescos internacionais – especialmente na Inglaterra – levaram a Ford à escolha do fornecedor FPT (Fiat Power Train), coligado à Iveco. Este conjunto de força de seis cilindros em linha adota na Turquia a injeção de alta pressão através de bicos injetores unitários (tipo EUI), combinados com o turbo de geometria variável. O componente tornou-se unanimidade entre os fabricantes de motores por sua possibilidade de encher os cilindros em baixos giros, contribuindo para a tão perseguida economia de combustível. Dita virtude, calibrada com o escalonamento do câmbio automatizado ZF de 12 velocidades, combinadas com a redução do eixo traseiro, resulta em números interessantes para o Cargo 1846 T. A 80 km/h, por exemplo, seu motor trabalha manso a 1.200 rpm. Não faltam igualmente ao produto Ford para 40 t, os rebuscamentos do EBS, ESP e hillholder – aquela abençoada parada de segundos que muito facilita as arrancadas de morro acima, sem riscos de trancos para a transmissão. No Brasil, haverá uma vindoura configuração de cavalo-mecânico 6×2.