Decisão foi tomada depois que saíram na imprensa, inclusive na Carga Pesada, reportagens sobre os caminhões com traseiras elevadas

Nelson Bortolin

Por meio da Resolução 450, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) proibiu até 28 de novembro que seja feita qualquer alteração no sistema de suspensão dos caminhões. A decisão foi tomada depois da publicação de várias reportagens, na televisão, em jornais e em revistas (inclusive esta), nas quais engenheiros mecânicos demonstraram que o arqueamento dos veículos prejudica sua estabilidade, colocando em risco a vida do motorista e dos demais usuários das estradas.

Caminhão com traseira arrebitada: risco para o trânsito

Em nota, a assessoria do Contran explica que a medida é “cautelar” e visa possibilitar “estudos mais acurados a respeito do tema”. Em três meses, o órgão deverá tomar novas deliberações. Até lá, os órgãos de trânsito estão orientados a reforçar a fiscalização sobre as alterações na suspensão, especialmente aquelas que “estejam em desacordo com a regulamentação vigente”.

Com a medida, o Contran admite que a Resolução 292/2008, que trata de modificações de veículos, não é clara quanto ao que pode e o que não pode ser feito na suspensão.

O Artigo 6º dessa resolução diz que “na troca do sistema de suspensão não será permitida a utilização de sistemas de suspensão com regulagem de altura”. Mas a troca é admitida, tanto que está prevista a anotação, no campo das observações do Certificado de Registro de Veículo (CRV) e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), “da nova altura do veículo, medida verticalmente do solo ao ponto do farol baixo (original) do veículo”.

No entanto, o Artigo 8º diz que é proibida a “alteração das características originais das molas do veículo, inclusão, exclusão ou modificação de dispositivos da suspensão”.

Esse assunto gerou muita polêmica no site da Carga Pesada. Grande número de leitores manifestou-se a favor do arqueamento das traseiras. “Se você é dono do caminhão, pode fazer o que quiser”, escreveu Luis Henrique Stanski. “Que legal, eles lembram de olhar o arqueamento, mas esquecem de verificar as estradas”, criticou Abelanio Pereira, de Salvador. Telmo Alexandre Kowalcziki, de São José do Rio Preto, comentou: “Acho que tudo tem limite. Meu caminhão é modificado, nem por isso perdeu a segurança”.

Josinaldo Dado tem opinião contrária. “Concordo com o Contran. Além de caminhoneiro eu sou cidadão, e acho que essa mudança interfere no quesito segurança”, escreveu.