Guto Rocha
Das lavouras de café para as rodovias do Brasil. Assim foi a trajetória do empresário Laurindo Cordiolli, que fundou há 35 anos, em Maringá (PR), a Cordiolli Transportes. A empresa que começou com dois caminhões Mercedes conta atualmente com uma frota formada por 144 veículos, entre bitrens graneleiros, vandeleia graneleira, bitanque, bicaçamba e vanderlea tanque. Todos da marca Scania.
O empresário conta que começou a trabalhar muito cedo nas lavouras de café no interior de São Paulo Paulo. Em 1951 mudou-se com a família para Maringá para também ajudar o seu pai a tocar um cafezal. Em 1957, aos 20 anos, ele resolveu mudar de vida e começou a trabalhar na Casa Vila Real, uma empresa de secos e molhados que atuava no Norte do Paraná. Foi então que ele começou a se envolver com o setor de transporte de cargas. “O gerente da empresa me deu a carteira de motorista. E eu comecei a fazer as entregas das mercadorias que os viajantes vendiam pelas cidades da região”, relembra.
Durante três anos, ele dirigiu um Ford F600 da Casa Vila Real. Deixou o emprego para dirigir o caminhão Mercedes 1958, que o seu pai havia comprado. “Transportava madeira, café, algodão, milho até o porto de Paranaguá e Rio de Janeiro”, diz. Em 1962, ele se casa com Antonia Laquanetti Cordiolli e passa a trabalhar como motorista autônomo, com um pequeno caminhão Mercedes que comprou.
No dia 2 de janeiro de 1977, o empresário funda, em sociedade com a mulher, a Cordiolli Transportes. Na época ele contava com dois caminhões Mercedes. “Os trabalhos foram aumentando e a frota também foi crescendo”, afirma, relembrando que chegou a ter cinco caminhões. Mas acabou vendendo todos para renovar a frota, trocando os caminhões por carretas. “O volume de produtos transportados aumentou, exigindo veículos maiores. A gente levava soja e milho para o porto e voltava com adubo”, comenta.
A primeira carreta da Cordiolli Transportes foi uma Scania 111. “Começamos a rodar num Dia das Mães de 1982”, recorda. Desde então, toda sua frota passou a ser composta por Scanias. Por 35 anos, Laurindo Cordiolli esteve na boleia, e depois passou a cuidar da administração da empresa. Atualmente, ele preside a Cordiolli Transportes juntamente com três de seus seis filhos: Paulo Roberto, que é o diretor administrativo, Fernando, o diretor financeiro e Sérgio, diretor de operações. Os outros três filhos, Marcos Antonio, Nilva e Lucinéia têm outras atividades profissionais. Mas Guilherme, o neto mais velho entre os 10 que Cordiolli tem já está trabalhando na empresa do avô.
A Cordiolli transporta cerca de 40 mil toneladas de produtos por mês e roda, mensalmente, cerca de 2,5 milhões de quilômetros, consumindo um milhão de litros de combustível. Para manter uma estrutura desta, a empresa conta com 215 funcionários. A frota da empresa é nova, com veículos com idade média de três anos.
A paixão pelo transporte é tanta, que Cordiolli mantém uma coleção de veículos antigos. Segundo ele, são mais de 30 exemplares, entre caminhões, carros de passeio, motos e até bicicletas. Entre as preciosidades da coleção que ele destaca está um automóvel Ford T “Bigode” 1919, além de caminhão Ford 1946, uma Scania 1959 entre outros. O empresário conta que mantém uma equipe para fazer manutenção dos veículos que ficam guardados em um galpão na sede da empresa. “Todos estão em funcionamento”, garante.
Há 12 anos, a Cordiolli Transportes se uniu a outras transportadoras de Maringá para fundar o G-10, que apesar do nome hoje agrega cinco empresas do setor. “Foi muito importante integrar este grupo. Conseguimos fazer melhores negócios com os insumos que precisamos e negociar melhor nossos fretes”, comenta. Cordiolli afirma participar com 17% do total do G-10, com quem mantém uma frota de 80 caminhões utilizados no transporte de cana em Rio Brilhante (MT).
Aos 75 anos de idade, Cordiolli afirma não pensar em parar tão cedo de trabalhar. “Venho todos os dias para a empresa”, afirma. Para ele, o setor de transporte tem um longo futuro de desenvolvimento pela frente no Brasil. “O governo nunca investiu como deveria no trem, então o caminhão ganhou espaço e isso só vai crescer, pois temos muitas coisas para transportar”, comenta.