Fonte: Automotive Business
As montadoras que lideram os novos empreendimentos no setor automotivo no Brasil (como Chery, JAC, Mitsubishi e DAF) não terão problemas para se adaptar ao novo regime automotivo, divulgado na semana passada pelo governo federal. É o que seus representantes garantiram durante o III Fórum da Indústria Automobilística, realizado pela Automotive Business, nesta segunda-feira (9) em São Paulo.
Elas afirmaram que já tinham metas elevadas de nacionalização de seus produtos mesmo antes da nova regra. Portanto, não devem ter dificuldades em atingir pelo menos 65% de conteúdo nacional na sua produção, a fim de evitar a cobrança adicional de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A regra foi criada para inibir a importação de veículos.
Representante do segmento de caminhões no debate, a DAF Brasil, que está instalando uma unidade em Ponta Grossa (PR), revelou que está procurando fornecedores no País há cerca de um ano e hoje conta com uma lista de 60 fornecedores definidos para cumprir a meta de conteúdo local. Entre eles estão Usiminas, ZF e Meritor, segundo o vice-presidente da DAF Brasil, Marco Antonio Davila. “Não teremos problemas para cumprir a regra”, afirmou. O objetivo da companhia é atingir uma participação de mercado de cerca de 8% em cinco ou seis anos.
Em entrevista coletiva realizada na última quinta-feira, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, comemorou as medidas do novo regime automotivo. “É política de longo prazo, que traz um horizonte positivo para o setor”, destacou. “O programa é bom e nós apoiamos”, ressaltou.
Das medidas de incentivo à indústria anunciadas na terça-feira, 3, para o presidente da Anfavea duas características agradaram mais: a ampliação das linhas de financiamento do BNDES, tanto para compra de caminhões e ônibus como para modernização industrial, e os estímulos à evolução tecnológica. “É fundamental o incentivo à inovação no País. Vai trazer desenvolvimento tecnológico e nós vamos pagar menos royalties pelo uso de tecnologias externas”, avalia Belini.
Regras de habilitação
Para se habilitar ao novo regime automotivo e ter a possibilidade de redução do IPI, as empresas deverão cumprir 3 de 4 pré-requisitos a partir de 2013:
– investir no mínimo 0,15% da receita operacional bruta em inovação em 2013, percentual que subirá para até 0,5% em 2017;
– ter, no mínimo, 0,5% da receita operacional bruta investida em engenharia, percentual que sobe para até 1% em 2017;
– cumprir, no país, 8 de 12 etapas fabris nos veículos leves, e 10 de 14 para pesados em 2013, subindo, até 2017, para de 10 a 12 etapas (leves) e de 12 a 14 etapas (pesados);
– aderir ao processo de “etiquetagem” sobre o consumo de energia do veículo em, no mínimo, 25% dos veículos produzidos em 2013, subindo para 100% em 2013. Esse programa é feito pelo Inmetro e é semelhante às etiquetas afixadas em eletrodomésticos, que classificam os que consomem mais energia elétrica. Atualmente, a adesão ao programa por montadoras é voluntária.
Retração de até 15%
Oscilações mercadológicas e industriais não mudaram em nada as estratégias de compras dos principais fabricantes de veículos pesados no Brasil para este ano. Durante o III Fórum da Indústria Automobilística, representantes das montadoras disseram que o planejamento (desenhado no ano passado e que já previa queda acentuada nas vendas neste início de ano) está mantido. Eles projetam para este ano mercado similar ao de 2010, com retração de 15% ante 2011.