Desindustrialização avança e vice-presidente da montadora pede política para o setor

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a participação do setor na produção da riqueza nacional caiu de 48%, na década de 1985, para 23,9%, em 2022.

A desindustrialização do País, de acordo com a CNI, se deve principalmente aos elevados custos de produção, conhecidos como Custo Brasil, e a ausência de uma estratégia de desenvolvimento industrial.

Desindustrialização se acentua na segunda metade da década de 1990

Na indústria automobilística, há quem considere que o Brasil tem capacidade para produzir 5 milhões de veículos por ano, mas não conseguiu passar da metade desse número.

A Ford foi uma das grandes indústrias que decidiu parar de produzir no País. Desde 2019, fechou todas as quatro plantas que mantinha no País. Primeiro, foi a fábrica de caminhões de São Bernardo. Depois, em 2021, a montadora anunciou o fechamento das unidades de veículos leves em Camaçari (BA) e Taubaté (SP) e a de Jeep, em Horizonte (CE).

No início de setembro, durante lançamento da Ford Transit Chassi Cabine, a Revista Carga Pesada entrevistou o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Goldfarb. Ele preferiu não comentar sobre o fechamento das fábricas. Mas ressaltou o momento difícil que vive a indústria, não só no Brasil. “Precisamos deixar claro que a indústria está num momento de grande transformação global, sofrendo grande pressão. Temos os asiáticos, por exemplo, que criaram um novo patamar de custo”, conta.

O intenso processo de digitalização também torna a indústria um dos setores com mais competição. “É preciso ter uma política industrial que tenha o lado de aumentar a competitividade, sem esquecer que o mundo vai para a digitalização e também para a transição energética”, declara.

O vice-presidente reforça que a transição energética não é uma opção, mas um fato. “Quanto mais demoramos para aceitá-la, mais vamos ficar para trás.”

Ele também destaca que a atividade econômica mais tributada no Brasil é a indústria e que, com a reforma tributária sendo discutida no Congresso, é preciso corrigir esse problema. “O Brasil, pela sua dimensão territorial, pela sua estatura econômica no mundo, não pode abrir mão de uma indústria pujante”, afirma. “Estados Unidos e Europa estão preocupados com isso. A China está dominando o mundo com isso e nós precisamos ficar espertos e agir rápido.”

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