Iniciativa da Amaggi e da Scania reduz emissões em 99%

Da redução de consumo de diesel proporcionada pela nova Linha Super, passando pelos caminhões a gás e agora pela parceria com a Amaggi no uso do biodiesel 100%, a Scania reforça sua estratégia de busca de alternativas pela sustentabilidade no sistema de transportes.

A Amaggi, um dos maiores grupos de processamento e exportação de grãos do país, acaba de receber 100 caminhões Scania 500 R Super adaptados para serem abastecidos com biodiesel 100% (B100). Com autonomia de até 2 mil quilômetros, os veículos prometem uma redução de 99% nas emissões de carbono na comparação com o diesel convencional e constituem uma das iniciativas da gigante do agro para zerar as emissões em suas atividades até 2050.

Faturando anualmente US$ 9 bilhões, o grupo movimenta em média, no mesmo período, 20 milhões de toneladas de grãos. Com toda essa matéria-prima disponível, investiu R$ 100 milhões em um fábrica de biodiesel à base de óleo de soja degomado em Lucas do Rio Verde (MT) com capacidade para produzir 337 milhões de litros por ano. Deste total, a frota própria da empresa de mil caminhões e 212 barcaças operando no Arco Norte, além das máquinas agrícolas das linhas verde e amarela, consomem 120 milhões de litros anualmente. O restante da produção vai para o mercado para ser adicionado ao diesel comercial. Atualmente, a porcentagem de biodiesel no S10 é de 14% atendendo às exigências da legislação ambiental.

Desafio do biodiesel é o armazenamento

O aumento do percentual do biodiesel no diesel comercial de 10% para 14% trouxe reclamações por parte de muitos transportadores que alegavam problemas com entupimento das unidades injetoras decorrentes do aumento deste percentual na mistura.

A Amaggi fez vários testes de campo e em laboratório com caminhões, máquinas agrícolas e embarcações utilizando o biodiesel puro, o B100, inclusive para ter aprovação de uso do combustível alternativo pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), e garante que não registrou nenhum problema mecânico ou eletrônico nos equipamentos.

A Scania reforça que o biodiesel bem utilizado não causa problemas nos motores. “O que garante o sucesso do biodiesel é a logística, é um combustível para ser usado com fluxo, não com estoque ou armazenamento”, explica o diretor de desenvolvimento da Scania, Marcelo Gallão.

Um dos motivos é que, ao contrário do diesel fóssil, o biodiesel puro não possui enxofre que atua com uma espécie de bactericida natural. O diesel S10 leva esta denominação porque possui 10 PPM, partículas por milhão de enxofre. O S500 possui 500 PPM.

Para evitar a contaminação do biodiesel, é necessário o uso de bactericidas e fungicidas que previnem a formação de borra e o ataque de bactérias. Outro cuidado é a drenagem de água, quando necessária, tanto nos tanques de armazenamento, com as oscilações de temperatura, quanto nos motores com os filtros separadores tipo Racor.

A Scania também teve de fazer algumas modificações nos modelos Super 500R que serão abastecidos com biodiesel 100%. Segundo Gallão, uma das modificações diz respeito aos anéis do tanque pescador. De acordo com ele, quando exposto a borrachas e elastômeros, o biodiesel pode amolecê-las e danificá-las. Por isso, os anéis foram adaptados com uma matéria-prima mais resistente.

O silencioso tem saída direta, não tem cano de escape. Com isso, buscou-se compensar a diferença de poder calorífico entre o biodiesel e o diesel.

“Por último, nós colocamos um software no motor, com um flag a mais, que avisa o motor que ele está sendo abastecido com biodiesel. A calibração, todo sistema de injeção, é exatamente o mesmo do diesel”, conta Gallão. Tanto é que o sistema pode ser revertido e o caminhão voltar a ser abastecido com diesel normal.

Veja mais detalhes sobre estas modificações no vídeo abaixo: