Segundo nota divulgada pela entidade, a federação admite a dificuldade em fazer esse repasse ao embarcador. “Não conseguimos realinhar o preço na mesma velocidade em função de tabela de preço pré-estabelecida e de contratos vigentes. Dessa forma o transportador amarga o prejuízo”, destaca.
Dados da Fetranspar apontam uma defasagem de 14% no valor do frete praticado hoje. “Com esse reajuste, estamos falando em mais de 16% de diferença. É lastimável para o setor de Transporte de Cargas, que já sofre com a alta carga tributária. Além disso, esse reajuste chega justamente no período de pagamento de IPVA e outros impostos”, lembra.
Às vésperas de uma superssafra de grãos, o agronegócio está preocupado com o aumento do óleo diesel. Para o economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nilson Hanke Camargo, a situação é preocupante porque o custo do transporte já teria aumentado no ano passado e o reajuste do diesel agora reduzirá a competitividade do agronegócio brasileiro.
“Um frete de grãos de Cascavel a Paranaguá, que antes custava R$ 70 a tonelada, subiu para R$ 100, devido a especulações a respeito da lei do motorista”, afirma. Segundo ele, os transportadores teriam se antecipado e repassado, em 2012, os custos que ainda não tiveram em virtude da Lei 12.619, que limita o tempo de direção e a jornada de trabalho dos motoristas profissionais.
“Agora com esse aumento do diesel, que é um dos principais insumos do agronegócio, a situação do frete, que já estava inflacionada, ficará ainda pior”, acredita. Ele ressalta que a soja brasileira perde competitividade porque é transportada basicamente por rodovias, ao contrário da argentina e da dos Estados Unidos, onde ferrovias e hidrovias têm participação maior. “Aqui acontece o contrário. A participação do trem no transporte de grãos, que vinha sendo de 26%, 27% nos anos anteriores, caiu para 25% no ano passado”, informa.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos (Sindicam) de Londrina, Carlos Roberto Della Rosa, confirma que o aumento do diesel terá de ser repassado ao frete, mas nega que a categoria tenha reajustado os valores que cobram dos embarcadores. “Não houve reajuste nenhum no ano passado e agora, na entressafra, o frete até caiu”, afirma.
Segundo ele, por enquanto, só há soja para ser transportada em Mato Grosso e o valor da tonelada teria caído de R$ 190 para R$ 175 nas últimas semanas para um trajeto entre Rondonópolis e Londrina. “O diesel representa entre 50% e 60% do valor do nosso frete. Com esse aumento, vai representar ainda mais. Por isso, o reajuste será repassado com certeza. Caminhoneiro que não repassar terá de vender o veículo. Vai quebrar”, alega.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do Estado do Paraná (Setcepar), Gilberto Cantú, também ressalta a necessidade de repassar aos embarcadores o reajuste do frete. “É um custo a mais entre tantos que recaem sobre nós”, declara. Segundo ele, a lei 12.619, que só agora começa a ser fiscalizada, já elevou o custo do transporte rodoviário de carga entre 18% e 30%. “Nas cargas de lotação (não fracionadas), o combustível representa 35% de nossos custos. Pesa mais que os salários dos funcionários”, conta.
Em Minas Gerais, a Carga Pesada constatou que a Rede Dom Pedro, em Betim, reajustou o diesel em 4,7% na quinta-feira (30). Ele estava a R$ 2,137 o litro e foi para R$ 2,237.