Na edição passada, escrevemos aqui sobre os enormes lucros das empresas concessionárias de rodovias, que são maiores até do que os lucros dos bancos (os bancos, desde sempre, eram e são considerados o melhor “negócio” do Brasil, não é?).

Puxando pelo assunto do pedágio, que representa um peso tão grande no custo de vida dos transportadores autônomos e nas despesas das empresas de transporte, vem à lembrança um fato silencioso, mas que se espraia por muitos setores da vida de todos nós. O amigo já reparou que o número de pedágios que a gente precisa pagar tem se multiplicado mais e mais nas últimas décadas? Não estamos falando de estradas, não…

Vejamos. O simples fato de ter conta em banco exige pagamento de pedágio. No banco, o pedágio recebe o nome de “taxa de serviços”. Quer ter uma conta? Pague! Quer “existir” para o banco? Pague! Antigamente não se pagava… Como acabou aquela inflação altíssima que assegurava grandes lucros aos bancos sem precisar cobrar “taxa de serviços”, eles passaram a cobrar. Para o cidadão comum, foi mais um baque nas despesas. E para os bancos? Foi a “solução” para que seus lucros se mantivessem lá nas alturas, onde sempre estiveram. 

Você vai passear no shopping center: pague o pedágio, que é a taxa de estacionamento. É sempre caro, embora proporcional ao tamanho da cidade onde você estiver. Claro que você não é obrigado a pagar. Se quiser, estacione a cinco ou dez quarteirões de distância, se encontrar lugar. E mesmo aí, pague o pedágio… para o flanelinha, porque a pobreza crescente em que vivemos é pretexto para muitos tipos de violência.    

Quer fazer um passeio numa cidade grande e não pode passar por um caminho “perigoso”, onde você acha que corre o risco até de levar um tiro? Dê a volta por outro caminho e… pague o pedágio do combustível que você vai gastar a mais! 

Você não vai poder chegar à cidade grande no horário liberado para o trânsito de caminhões? Então pague o pedágio da espera do próximo horário! Pague com a sua paciência, pague com a sua fragilidade, pague com a sua impossibilidade de se defender de todas essas situações de “pedágio”. 

Pensando bem, até que não está difícil, para uma pessoa comum, ganhar algum dinheiro com algum serviço, hoje em dia. Difícil é ter a sensação de que aquilo que a gente ganha está servindo para a nossa felicidade.