Para os embarcadores, o transporte rodoviário de cargas ficou muito mais caro no ano passado, devido às mudanças como a legislação Euro V e a Lei do Descanso (12.619). Eles defendem medidas para minimizar esse impacto. “Nós achamos que a lei (12.619) é boa porque ela visa segurança e profissionalização. Mas traz novos custos. Alguns fretes subiram até 30%”, afirma o coordenador da Comissão de Logística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Douglas Araújo. Segundo ele, é “óbvio” que esse custo acabará no produto final.
Araújo diz que a Abiquim vem realizando um trabalho com seus associados e com os transportadores para melhorar a produtividade. “Precisamos diminuir o tempo de espera para carregar e descarregar, por exemplo.”
A assessora da Comissão de Logística da entidade, Gisette Nogueira, defende outras medidas para compensar o aumento de frete. “Precisamos reduzir a burocracia governamental na área de exportação e importação”, afirma.
Gisette conta que participou de uma reunião na NTC&Logística, na qual foi discutido esse assunto, além da desoneração da folha de pagamento das transportadoras.
“De fato, estamos trabalhando com empenho para a inclusão do setor de transporte rodoviário de cargas na desoneração da folha de pagamento das empresas, passando para 1% sobre a receita bruta”, afirma Marco Aurélio Ribeiro, assessor jurídico da NTC. Segundo ele, uma emenda à Medida Provisória 582 com este objetivo está para ser votada no Congresso Nacional.
O diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, diz que o frete do agronegócio subiu de US$ 81 a tonelada para US$ 98 a tonelada de 2011 para 2012. Parte desse impacto, de acordo com ele, se deve à Lei 12.619. “A gente reconhece que o descanso é necessário e precisa ser feito. Mas gostaríamos de ter um prazo para adequação”, declara.
Mendes reclama que o Brasil já leva uma enorme desvantagem no frete de grãos em relação aos Estados Unidos e à Argentina. Segundo a Anec, os americanos pagam 23 dólares de frete por tonelada e os argentinos, 20 dólares. “Nosso problema é não haver uma infraestrutura com modais apropriados para o transporte de grãos no País”, diz o dirigente.
De acordo com Mendes, o Programa de Investimento em Logística, lançado pela presidenta Dilma Rousseff em agosto, “ajuda”, mas está longe de resolver o problema. Pelo pacote, o governo pretende duplicar 7,5 mil km de rodovias e construir 10 mil km de ferrovias ao longo dos próximos 30 anos. “Esse pacotão está muito focado no modal ferroviário e isso não vai resolver. Como a gente sabe, no Brasil o frete do trem tem como referência o frete rodoviário”, salienta. O ideal, de acordo com ele, seriam investimentos em hidrovias.
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