“O problema de falta de mão de obra qualificada não é exclusivo do setor de transporte, é de todos os setores da economia”, afirma André Ferreira, diretor adjunto para o Desenvolvimento de Jovens Empresários da Comjovem e diretor da Rápido 900.
Ele diz que sua empresa tenta superar o problema publicando anúncios de recrutamento em jornais, programas de TV e de rádio. A transportadora também incentiva ajudantes a se tornarem motoristas.
Questionado se as entidades do setor já não deveriam ter tomado providências, ele responde que “programas deste porte não se montam do dia para a noite”. “Precisam ser bem planejados, bem desenvolvidos e executados. Os próprios transportadores se surpreenderam com o aumento vertiginoso da demanda”, considera.
O empresário Francisco Cardoso, da Interlink Cargo e diretor da área internacional do Setcergs, concorda com Ferreira e diz que o empresariado brasileiro, de modo geral, “se planejou para fazer o País crescer, mas esqueceu-se dos recursos humanos”.
Ele considera, no entanto, que não basta formar novos motoristas. “Os empresários têm que valorizar o profissional do transporte e o governo deve fazer a parte dele para melhorar as condições das rodovias. Ao escolher uma profissão, por que alguém iria optar pela de caminhoneiro, se ela não é valorizada e o profissional ainda tem de enfrentar o risco de ser assaltado ou sofrer um acidente por causa da situação da pista? Precisamos avaliar essas questões também”, pondera.
Alexandre Gazzinelli, gerente nacional de Frota da Ramos Transportes, diz que as empresas e suas entidades representativas terão que investir muito na formação dos novos profissionais. “As técnicas mudaram. Estamos passando da época dos simples motoristas para operadores de máquinas modernas”, ressalta.
A Ramos, segundo ele, investe na formação e fidelização dos seus motoristas. “Oferecemos as condições adequadas, como plano de saúde para a família, pagamos produtividade por economia de combustível e por condução dentro de regras preestabelecidas”, destaca.
A Rodoviário Líder, de Muriaé (MG), está com 10 dos seus 280 veículos parados por falta de motoristas. Segundo o diretor superintendente Glauco Braz, esse é um problema crônico, mas que vem se agravando. A empresa é procurada diariamente por candidatos ao cargo, mas poucos se mostram em condições de ir para a estrada.
Braz explica que a transportadora dispõe de uma carreta e um monitor somente para fazer a seleção de profissionais. Os testes de percurso e balizas derrubam 65% dos candidatos. E ainda há alguns que têm carteira E falsificada. “Quando a gente vai checar o número no Denatran, a carteira não existe.”