Artigo:

Os riscos de acidentes da carreta com eixos distanciados no tombador,

por Rubem de Melo

 

 

Não são raros no Brasil casos de carretas caindo de tombador hidráulico durante a descarga de granéis. E, acertadamente, muitos embarcadores proíbem o descarregamento de semirreboques do tipo “Vanderleia” nesses tombadores, devido à frequência dos acidentes. Os riscos são reais e as causas são as seguintes:

As “Vanderleias” com suspensão mista (1 eixo pneumático e 2 mecânicos) possuem regulagem manual da pressão nas bolsas pneumáticas do 1º-eixo (Figura 1). Assim, para condição carregado o fabricante determina a pressão ideal, de forma a garantir 10.000 kg de peso sobre esse primeiro eixo.

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Suspensão mista da Vanderleia, na condição ideal – carregada

O problema é que a regulagem para a condição “vazio” não é automática (a pressão não é reduzida automaticamente quando a carreta é descarregada). Assim, ao iniciar o descarregamento no tombador, o peso do veículo vai reduzindo, mas o 1º eixo da carreta continua pressionando o piso com 10.000 kg. A medida que a carreta vai sendo descarregada, a bolsa pneumática (fole) vai abrindo mais e mais, ao ponto de levantar a carreta e trator dos calços, podendo jogar para fora do tombador e provocar um grave acidente, conforme ilustram as figuras 2 e 3.

 

 

 

 

 

Figura 2 – Entrada da Vanderleia, na condição carregada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 3 – Ilustração: Inclinação provocada pelo 1º eixo da carreta – quando esvaziada

A solução adotada tem sido entrar no tombador, mesmo ainda carregado, já com o 1º eixo sem pressão na bolsa (com 1º eixo suspenso – Figura 4), mas também deve ser vista com restrição. Nessa condição, as 30 toneladas dos três eixos da carreta, agora estão apenas sobre dois eixos. Além do risco de danificar o piso da plataforma, os eixos e a suspensão, pode-se provocar falha nos feixes de molas e estourar os pneus do eixo traseiro, provocando do mesmo modo um acidente no tombador.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 4– Excesso nos eixos para condição carregado e 1º eixo suspenso (estimados)