Fonte: O Estado de S.Paulo
A China vai selar em Brasília, no dia 17, compromissos políticos de investir na melhoria da logística brasileira de escoamento de soja e de minérios ao exterior e de enviar uma parcela de seus fundos soberanos para engrossar a presença de suas empresas no País. Pequim quer mais empresas e negócios no Brasil. Ambos os temas estarão no comunicado final do encontro reservado entre os presidentes Xi Jinping e Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
Essa primeira vinda de Xi ao Brasil está em negociação desde sua posse, em novembro. “Essa visita terá uma simbologia própria porque se dará nos 40 anos da abertura de relação diplomática entre Brasil e China”, afirmou o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário-geral de Assuntos Políticos 2 do Itamaraty.
O governo chinês quer garantir a participação de suas companhias em projetos portuários e ferroviários que serão licitados pelo governo. Em especial, naqueles que fazem parte do projeto de integração física sul-americana e que permitirão o escoamento de minérios e de produtos agrícolas aos portos do Norte (mais próximos do Canal do Panamá) e dos países vizinhos banhados pelo Oceano Pacífico. O Peru será o alvo inicial, segundo o embaixador Francisco Mauro Brasil de Holanda, diretor do Departamento de Ásia e Oceania do Itamaraty.
O interesse da China tem clara motivação: o país precisa de alimentos e minérios mais baratos, em especial neste momento de esforço para elevar a participação do consumo interno no crescimento. A produção da zona hoje conhecida como Mapitoba – as fronteiras agrícolas do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia – e as reservas de minério de ferro do Norte brasileiro são os alvos preferenciais. Os projetos ferroviários abrirão à China as oportunidades adicionais de exportar bens e serviços de alta tecnologia ao Brasil.
O comunicado trará a manifestação política de apoio da China e do Brasil à participação de empresas chinesas. Mas não indicará valores a serem investidos. Teor similar deverá constar do texto final da visita do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em 1.º de agosto. “Não haverá reserva de mercado para nenhum país. Todos os que quiserem, terão suas empresas nas licitações”, disse Holanda.
A China também se mostra disposta a instalar no Brasil novas agências de desenvolvimento, com recursos de seus fundos soberanos. Essas entidades reforçariam a atuação do escritório do Banco de Desenvolvimento da China no financiamento de empresas de porte médio e de estatais provinciais, sobretudo nos setores de tecnologia da informação e de transportes pesados. O tema está em fase final de uma negociação que envolve também o BNDES.