Luciano Alves Pereira
A iniciativa do governo estadual deu OK ao empenho das entidades de classe do TRC e, com alguma surpresa, começou a sair do papel no princípio de abril o Programa de Incentivo à Renovação da Frota de Caminhões de Minas (PIRFC). A Deva Veículos, concessionária Iveco da capital, formalizou a primeira operação envolvendo unidade de frotista de médio porte de Contagem. A Waldir Transportes foi parceira esclarecida, que disponibilizou o seu Mercedes 1113, ano 1978, para o ‘crematório’. Na troca virá um cavalo Stralis de 440 cv, zero quilômetro.
Segundo Aparecido César Medeiros, presidente do Sinditac, de São Sebastião do Paraíso (MG), 70% dos 93 mil caminhões mineiros com mais de 30 anos de uso pertencem aos autônomos. No entanto, partiu de um frotista o interesse inicial pelo PIRFC. A Waldir Transportes tem sede no Distrito Industrial do Riacho das Pedras e suas atividades começaram em 2000. Dispõe de 15 cargueiros, entre carretas e truques, como informou o seu diretor Armando Moura. Ele toca o negócio junto com os irmãos Waldir e Sebastião, nascidos na montanhosa região de minério de Piedade dos Gerais, vizinha à capital.
Armando explicou que puxa pisos e porcelanatos de Santa Catarina e São Paulo e não precisa apelar aos santos para saber que se trata de carga destinada ao aquecido mercado da construção civil. Opera com fretes FOB e CIF. “Acho que passou da hora de tirarmos os caminhões velhos do caminho”, afirma ele, exibindo uma consciência ambiental pouco comum no meio. Ao mesmo tempo, o transportador observa que “o negócio em si também é interessante”. Referiu-se, por exemplo, aos dois Certificados Verdes, emitidos pela Deva. Ditos documentos conferem isenção de IPVA ao veículo novo, objeto da transação, além de um segundo, vinculável a outro caminhão com menos de 10 anos rodados. Com relação ao cavalo Stralis, a empresa terá o ressarcimento de cerca de R$ 3 mil por ano, não deixando de considerar também ganhos com combustível e demais custos variáveis de manutenção. Quanto ao seminovo, dependerão da marca, modelo e ano de fabricação.
Com a desoneração das unidades, Armando encara o financiamento do Stralis com juros menores do que 1% ao mês. “Sei que pela sucata do 1113 não receberemos mais do que R$ 2 mil, mas a isenção de 10 anos compensa”, diz. O contrato foi fechado. No entanto, o caminhão só deve ser entregue “lá pelo mês que vem” e se depender dele, “outra negociação semelhante será tentada”, visando um veículo de 1977. Vale ressaltar ainda que o Grupo Deva, de Belo Horizonte e interior, apressou-se em aderir ao PIRFC, cuja gestão de A a Z corre por sua conta. Ou melhor, por conta das concessionárias de caminhões. Ao mesmo tempo, orienta os possuidores de caminhões rodados aonde se dirigir. As Casas Mercedes, MAN-VW e Ford estão credenciadas a processarem a renovação dos velhotes. Para o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas, Antônio Eduardo, “a perspectiva de renovação da frota mineira gira entre 10% e 15% dos caminhões acima de 30 anos” ou de 9 mil a 14 mil unidades por ano.