Luciano Alves Pereira

O nome Picorelli está para o Transporte Rodoviário de Carga nacional assim como Adão está para a humanidade. Em Juiz de Fora (MG), mal começara a década de 1930 e já atuava a Empreza de Transportes Roque Picorelli, que se oficializou como Picorelli & Cia. Ltda., em 1936. Antes, porém, o nome famoso já tocava o Rodoviário Camerino (desde 1931). Roque tinha como sócio o irmão Galileu, com quem ficou até 1944, e este prosseguiu. Prosseguiu não por décadas, mas por gerações. De administração familiar, a Picorelli passou recentemente a contar com a participação da bisneta de Galileu. Fabiana Souza Picorelli Assis iniciou em 2009 na área de comunicação. Ela concluiu o respectivo curso e garante que não lhe ocorria “a hipótese de vir trabalhar na empresa”.

Seus planos foram pensados para “fazer pós-graduação na USP, em São Paulo e enquanto tal não se viabilizava, vim ajudar na empresa, por sugestão do meu pai (Alexandre Picorelli Assis). Como disse, seria uma situação transitória”. Aproveitou a oportunidade para modernizar a logomarca da firma, atualizar o site, trocar a ‘papelaria’ com a nova identificação visual e chegou até à pintura dos caminhões. “De provisório, surgiu o inesperado”, conta, quando tomou gosto pela coisa. Essa coisa indefinível para muitos e que tem um certo quê de amor e ódio, mas acima de tudo constituiu hoje a espinha dorsal da nação, quer queira ou não maiorias e minorias.

“Me identifiquei muito com o ramo e desisti (2010) da pós em São Paulo”, afirma Fabiana. Pela suas palavras, ela se sentiu seduzida pelo dinamismo do dia-a-dia da transportadora, não sem destacar “um ponto de amarração nessa virada: a sintonia com o meu pai”. No caso das administrações familiares, o desalinhamento entre gerações é o que ocorre com frequência.

Ainda em 2010, Fabiana passou para a área comercial da Picorelli, sediada em Juiz de Fora, assumindo a gerência. Ou seja, foi parar numa das trincheiras mais criticas de qualquer transportadora. No entanto, passado esse tempo, sua análise é positiva. Apesar de novata, tem conseguido repassar os aumentos de frete a ampliar a carteira de clientes. “Por exemplo, a lei do descanso do motorista (n° 12.619): a clientela em geral entende o grande impacto decorrente”, observa. Por tal repasse, entre outros fatores, o certo é que “o faturamento da Picorelli crescerá em 2013”, antecipa a gerente da Picorelli, levando-a a aumentar a frota atual composta por uns 50 veículos próprios, entre os de transferência, além dos de coleta e entrega. Sem falar em mais outro tanto de agregados.

A Picorelli Transportes especializou-se em cargas fracionadas e encomendas urgentes, com qualificação para o transporte de medicamentos. Atua no segmento mais concorrido do TRC, limitando-se aos estados de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Tem bases de atendimento em Juiz de Fora (matriz), Belo Horizonte, Barbacena (MG), Três Corações (MG), Três Rios (RJ) e São Paulo capital. Para 2014, Fabiana antecipa que tem “planos amadurecidos para ampliação de cobertura, seja através de filial ou representante, “o que será anunciado na data oportuna”. Melhor de tudo mesmo, do ponto de vista da comunidade transportista, é que Fabiana representa a continuidade desses Picorelli raçudos. Vitoriosos na rude estrada do TRC brasileiro. Seus 85 anos estão chegando, em 2016.

 

Fabiana, o avô José Antônio de Assis e o pai Alexandre Picorelli Assis.