Ralfo Furtado

O Brasil já conta com 11 marcas de caminhões e vai ganhar mais “três ou quatro” fabricantes em breve:  um norte-americano, um europeu e dois asiáticos. A informação foi dada pelo presidente da Anfavea, Luiz Moan, durante coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (14) sobre a 19ª Fenatran, evento que vai de 28 de outubro a 1º de novembro, no Anhembi, em São Paulo.

“O patrimônio do Brasil é seu mercado interno, que está aquecido. Quem quiser usufruir, que venha produzir aqui, venha gerar riquezas aqui”, afirma Moan. Segundo ele, até setembro foram produzidos 149 mil caminhões no Brasil e destes, 115 mil já receberam emplacamento. A expectativa é de que o ano feche com 150 mil licenciamentos, o que se configuraria a previsão de até 10% de acréscimo em relação ao ano passado.

De acordo com Paulo Octávio, vice-presidente da Reed Exhibitions Alcântara Machado – os produtores da Fenatran -, a feira não tem paralelo com outras do setor que acontecem em nenhum lugar do mundo. “Nem na Europa, nem na América do Norte, existem tantas opções de marcas em uma feira, o que torna a Fenatran, dependendo do ponto de vista, a primeira ou a segunda maior do mundo”, diz Octavio.

Flavio Benatti, presidente da NTC&Logística – entidade que está comemorando 50 anos, disse que pesquisa recente aponta que 67% de toda movimentação de carga no Brasil é feita por caminhões. “Existe quem afirme que o Brasil fez opção pelo modal rodoviário. Não é verdade. Não tinha opção. A única saída era essa. O Brasil tem uma deficiência de infraestrutura geral para escoar a safra e caminha para ser o maior produtor mundial de grãos dentro de poucos anos, superando os Estados Unidos”, declarou.

Antonio Carlos Bento de Souza, presidente do Sindipeças, concorda. “Temos deficiências de portos, rodovias, ferrovias, hidrovias, aeroportos, tudo. E não temos veículos demais, temos estradas de menos”, disse. Segundo Bento, a produção de caminhões em 2013 será perto de 3,6 milhões de unidades, sendo que os leves correspondem a 65,9% e os pesados a 33,9% do total, perfazendo um universo de 38 milhões de veículos em circulação. Bento apontou como ponto positivo a ligeira queda da média de idade dos caminhões em uso desde a última Fenatran, em 2011: de 10 anos e 5 meses para 9 anos e um mês agora.

Mesmo assim, 70 mil caminhões do estado de Minas Gerais, por exemplo, têm mais de 30 anos de uso, segundo Luiz Moan. Situação parecida com a do estado de São Paulo, onde dos 630 mil caminhões licenciados ao ano, 30% têm mais de 30 anos, diz Flávio Benatti. “Se em São Paulo é assim, imagine em outros lugares”, argumenta Benatti. No entender dele, o fim da carta-frete representa do fim da escravidão do caminhoneiro e isso começa a lhe dar uma identidade financeira.

“Existe muita informalidade no setor. O caminhoneiro tem dificuldade de conseguir financiamento por falta de histórico financeiro. O fim da carta-frete é um bom começo. A lei do descanso também. Ela não saiu como era esperada, sofreu vetos, deixa em dúvida a aplicabilidade, precisa ser aperfeiçoada, mas significou um avanço”. Benatti também destacou que o Senat está fazendo sua parte e formou 76 mil motoristas no ano passado. “E ainda é pouco. Dizem que faltam 100 mil motoristas hoje no Brasil. Até o final do ano serão mais 150 mil caminhões, que é a produção nacional, precisando de motoristas qualificados”, acrescenta.

Segundo o presidente da NTC&Logística, o Brasil mata 40 mil pessoas por ano no trânsito. “Isso representa dois Boeings por dia. Quando cai um avião, vira notícia. O Brasil mata dois aviões lotados de pessoas por dia e isso não chama atenção. E sempre tem um caminhão envolvido. Por isso, uma pesquisa recente de um instituto do Paraná, aponta que mais de 70% das pessoas entrevistadas não gostariam de ser motoristas de caminhão e mais e 60% não investiriam no setor de transporte de carga. Precisamos ter regras, marcos regulatórios. É um setor carente, há muita insegurança jurídica ainda”, diz Benatti.

Implementos

Alcides Braga, da Anfir, conta que esta Fenatran terá 49 expositores do seu setor, o dos fabricantes de carretas (implementos  rodoviários de carga), contra 43 na feira de 2011. “2011 foi nosso melhor ano da história, com 190 mil unidades vendidas. No ano passado caiu e neste ano vamos recuperar 10%. Não vai ser tão bom quanto 2011, mas já é melhor que 2012. Vamos ver 2014. Falta o governo definir o custo do dinheiro, com estabilidade, regras claras. Será um ano com a prorrogação do PSI, com Copa do Mundo e a eleição mais disputada dos últimos 25 anos”, prevê.

Duas atividades paralelas acontecem nas proximidades  do Anhembi – a Fenatran Experience, em que os caminhões poderão ser testados no Sambódromo, e a Conferência EcoTransporte & Logística, que reúne profissionais do setor para debates sobre sustentabilidade e logística no hotel Holiday Inn.

A Revista Carga Pesada também estará na Fenatran. Visite nosso estande.