Segundo a montadora, o Fleetgreen será uma ferramenta importante para os frotistas, quando o mercado de crédito de carbono estiver regulamentando no Brasil

Ajudar o cliente a estimar a emissão de carbono por seus caminhões é um dos principais objetivos do Fleetgreen, sistema lançado na última Fenatran pela Mercedes-Benz, que se utiliza, entre outros parâmetros, das informações fornecidas pela telemetria embarcada nos veículos da marca.  A gerente de Novos Negócios e Experiência do Cliente na área de Peças & Serviços ao Cliente da montadora, Susan Graf, concedeu uma entrevista à Revista Carga Pesada, explicando como funciona a novidade.

Ela lembra que o Brasil está regulamentando o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE). Só no Senado há pelo menos cinco projetos de lei tratando desse assunto. Um deles é o PL 412, de 2022, que se encontra atualmente na Comissão de Meio Ambiente da Casa e ainda não tem prazo para ir a plenário.

Quando a regulamentação sair, espera-se que seja criado um grande mercado de compra e venda de créditos de carbono no Brasil, atividade que pode se tornar bastante lucrativa. Esses créditos, estabelecidos por meio de certificados digitais, são gerados por empresas ou países que conseguem sequestrar (retirar) carbono da atmosfera. E são comprados por empresas ou países que não conseguiram cumprir suas metas de reduzir as emissões. 

“A gente acompanha a legislação (que está sendo preparada no Congresso) e tem uma base do formato desse projeto e de como ele está caminhando. Então, foi em cima disso que a gente construiu o Fleetgreen”, conta

Na última terça-feira (20), a gerente apresentou na Transposul, em Porto Alegre, a palestra “Construindo um Futuro Sustentável na Indústria de Caminhões com a Telemetria Mercedes-Benz”. E o Fleetgreen foi um dos cases mostrados por ela. “Hoje, a gente tem dentro dos caminhões da Mercedes-Benz um módulo que já vem embarcado e um serviço que já vem disponível também com esse módulo. Chama-se Fleetboard. Trata-se de um serviço de telemetria por meio do qual se pode gerar KPIs (indicadores para monitoração do negócio) de um caminhão ou da frota.”

Susan ressalta que o Fleetboard reúne cerca de 400 parâmetros de desempenho dos veículos. E o objetivo do Fleetgreen é conectar esses parâmetros com a legislação que está sendo construída no Congresso e também com os protocolos usados globalmente. O protocolo GHG é um método para calcular as emissões do efeito estufa.

Em outras palavras, o Fleetgreen é uma ferramenta capaz de estimar a quantidade de carbono emitido em cada caminhão e por consequência em toda a frota de uma empresa.  “Com a nossa solução, o cliente da Mercedes-Benz consegue avaliar a frota dele e fazer comparações mensais ou anuais, dependendo do que for estabelecido na legislação”, afirma. Se, de um período para outro, a frota de uma empresa reduzir a emissão de carbono, essa empresa poderá gerar crédito para compensar no futuro.

Com o mercado regulamento, frotas que atuam no agronegócio também poderão utilizar o crédito que a atividade agrícola gera e compensar o que o caminhão emite. “Clientes nossos que têm grandes plantações têm um potencial enorme para emissão positiva de gases (fazer sequestro de carbono da atmosfera). Então, ele vai acabar compensando o que emite na frota com essa plantação”, alega.

De acordo com a gerente, principalmente os produtores de soja têm  buscado a Mercedes-Benz para tratar desse assunto. “Eles estão vendo o mercado funcionando no exterior e começam a fazer a correlação com a plantação deles, com os veículos que dão suporte para a plantação deles.”

Na Alemanha, sede da Mercedes-Benz, não há sistema similar ao Fleetgreen, embora o mercado de carbono já esteja bastante consolidado por lá. “Essa é uma solução local por conta das características do nosso País, que é muito grande e tem muitas plantações.”

Durante a palestra na Transposul, ela diz que a novidade despertou muito interesse. Susan Graf destacou que não é possível prever quando a legislação estará aprovada no Brasil. Mas que a Mercedes-Benz não vai esperar para colocar em prática medidas que resultem na redução de carbono. “A gente tem várias iniciativas para fomentar essa questão ambiental e reduzir os impactos. Não podemos ficar esperando. A gente tem de fazer por consciência, por responsabilidade com o meio ambiente.