O novo Cargo chega aos revendedores no segundo semestre. Será produzido em São Bernardo do Campo
Cláudia de Albuquerque
A Ford Caminhões mostrou em janeiro, em São Paulo, seu caminhão para o segmento de extrapesados, com capacidade de até 56 toneladas, que deverá chegar aos revendedores no segundo semestre deste ano. Simultaneamente, o modelo foi apresentado pela Ford Otosan na Turquia, onde já está sendo fabricado para atender o mercado europeu.
O protótipo apresentado é um extrapesado 6×2, com câmbio automatizado, motor Cursor FTP 420 cv, cabine-leito e teto alto. O modelo ainda poderá sofrer mudanças de potência e de configurações.
Oswaldo Jardim, diretor de Operações de Caminhões para a Ford América do Sul, diz que a empresa resolveu produzir extrapesados porque é o segmento de maior crescimento do mercado brasileiro. “Em 2012, os extrapesados representaram um faturamento de R$ 10,8 bilhões para os fabricantes, 40% da receita gerada pelas vendas de todos os veículos comerciais acima de três toneladas”, explica.
A Ford investiu 36 meses e R$ 670 milhões no desenvolvimento para começar a fabricar seu caminhão extrapesado. Uma pesquisa direcionou o trabalho. Segundo a montadora, esse segmento é formado 95% por cavalos-mecânicos com potências acima de 400 cv. Quase a metade dos veículos – 46,7% – tem configuração 6×2; 37,4% são 6×4; e 15,9% são 4×2.
Os fatores mais valorizados pelos compradores são, pela ordem: resistência; praticidade e potência; relacionamento; design e tecnologia; e, em último lugar, “a vida a bordo”.
O Ford Cargo extrapesado, segundo a montadora, será um caminhão com excelentes configuração e custo-benefício. “Trata-se de um veículo resistente, confiável e acessível. Vai oferecer alto desempenho e conforto, será fácil de dirigir e vai proporcionar economia operacional”, afirma Oswaldo Jardim. “Fomos pioneiros, conhecemos bem as estradas e os clientes do Brasil e sabemos o que eles buscam”, completa.
Nosso “espião” fotografou o protótipo
O nome dele é Cargão
O modelo extrapesado do Ford Cargo significa uma dupla e surpreendente novidade. Primeiro, por levar a marca de volta ao mercado europeu de extrapesados, do qual se ausentou durante décadas. E também pelo seu “look de personalidade”, fruto da frente que “passa a ideia de imagem em movimento”, conforme explicado por fonte da Ford.
Sua aparência inovadora merece palmas. Rompe com a mesmice dos demais fabricantes de caras-chatas, nos quais o peitoral em forma de trapézio invertido não escapa das fendas ou elementos horizontais, repetidos no Scania, MAN, Iveco e nos lançamentos da DAF e Daimler.
O Cargão é filho de vários “pais”. A Ford Brasil é coautora, mas no topo está a Otosan, da Turquia. Lá a Ford americana constituiu uma joint-venture com a poderosa família Koc. O alvo imediato do novo Cargo 1846 T turco (foto) são os países da Europa Central, Rússia, África do Sul e Oriente Médio. Seu motor é o Cursor, da Iveco. Ele desloca 10,3 litros de cilindrada, podendo desenvolver 430 cv (Euro 3) e 460 cv (Euro 5). Como tal deve vir para cá.
Os parentescos internacionais – especialmente na Inglaterra – levaram a Ford à escolha do fornecedor FPT (Fiat Power Train), coligado à Iveco. Este conjunto de força de seis cilindros em linha adota na Turquia a injeção de alta pressão através de bicos injetores unitários (tipo EUI), combinados com o turbo de geometria variável. Esse componente tornou-se unanimidade entre os fabricantes por permitir encher os cilindros em baixos giros, contribuindo para a economia de combustível. Dita virtude, calibrada com o escalonamento do câmbio automatizado ZF de 12 velocidades, combinadas com a redução do eixo traseiro, resulta em números interessantes para o Cargo 1846 T. A 80 km/h, por exemplo, seu motor trabalha manso a 1.200 rpm. Não faltam igualmente ao produto Ford para 40 t os rebuscamentos do EBS, ESP e hillholder – aquela abençoada parada de segundos que muito facilita as arrancadas de morro acima, sem riscos de trancos para a transmissão. (Luciano Alves Pereira)
Opinião de leitores no site da Carga pesada
Luiz Carlos Versolato Junior
Fico feliz em ver que a Ford acordou para o segmento de extrapesados. Já rodei com um Ford Cargo 4030 por todo o Mercosul. É um caminhão com cabine pequena, mas que nunca me deixou na mão.
O Cargo nunca me deu dor de cabeça.
Eloy de Lazzari
Fui proprietário de vários caminhões Ford e sempre me dei muito bem. O novo extrapesado precisa ter câmbio automático, muita potência e cabine boa para competir com os concorrentes que estão aí.