Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

 

O frete responde por 50% do preço final do milho e 23% do preço final da soja. Esta é uma das informações do estudo “Entraves logísticos ao escoamento de soja e milho”, divulgado na manhã desta segunda-feira (25) pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Segundo a pesquisa, tomando como base as rotas com destino a Santos (SP), o custo por tonelada/quilômetro do frete exclusivamente rodoviário é de R$ 0,12. Já o frete que utiliza a integração rodoviária e ferroviária custa 16% menos: R$ 0,10

De acordo com o estudo, os benefícios da utilização da navegação são maiores. Escoando soja e milho de Lucas do Rio Verde (MT) para Santarém (PA), a utilização de uma maior extensão hidroviária permitiria redução de 33,3% no custo por tonelada-quilômetro. “Assim, é possível verificar que a execução de investimentos para adequar as condições de navegação na Hidrovia Teles Pires-Tapajós reduziria o custo de escoamento da safra de soja e milho e traria outros benefícios ao intensificar a utilização dos portos do Norte do país”, afirma a CNT.

A pesquisa mostra que dos 2,8 milhões de caminhões e carretas cadastrados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), 460 mil, 16%, são do tipo granleiro, sendo que 67,3% deles pertencem a empresas de transporte rodoviário de cargas, 31,6% a autônomos, e 1,1% a cooperativas. Entre os embarcadores entrevistados, somente 14,3% disseram utilizar transporte próprio ou contratar autônomos. Todos os demais contratam empresas de transporte.

O levantamento mostra ainda que 76,7% dos veículos granleiros são registrados no Sul e no Sudeste. E apenas 11,7% na região Centro-Oeste.

Quanto à qualidade dos serviços prestados, os embarcadores entrevistados preferem o rodoviário na comparação com o ferroviário: 57,1% deles disseram que a qualidade do serviço rodoviário é boa e 42,9% a consideraram regular.  Já a qualidade do serviço ferroviário foi avaliada como ruim por um terço dos entrevistados, como regular para outro um terço, e boa pelo último terço.

O estudo mostra que o transporte hidrográfico de grãos encolheu entre 2013 e 2014. “Na Região Hidrográfica Amazônica, a redução foi de 22,7% na movimentação de milho e 8,7% na de soja. Tal redução está associada às cheias ocorridas entre abril e maio/2014, que alagaram instalações, afetaram os equipamentos de alguns terminais de Porto Velho e levaram à interrupção das operações portuárias”, ressalta a CNT.

Já na Região Hidrográfica do Paraná, a redução foi ainda mais significativa: foram transportados, em 2014, 73,4% a menos de milho, 53,5% a menos de soja e 79,2% a menos de farelo em relação a 2013. “Os motivos da expressiva redução foram a falta de chuvas e a decorrente diminuição dos níveis de água dos rios, bem como a prioridade dada à geração de energia elétrica na região, que levaram à interrupção do uso do sistema Tietê-Paraná desde meados de 2014. Em decorrência dessa interrupção, o trajeto antes percorrido via Tietê-Paraná foi realizado por rodovias, acarretando aumento dos custos logísticos para os embarcadores.”

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