Dilene Antonucci e Nelson Bortolin

Revista Carga Pesada

 

O preço do frete vem caindo mais que o do milho, deixando o transportador de grãos numa situação muito difícil. Pesquisa feita pela reportagem nos sites do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que, de 3 de março a 13 de outubro, a saca de milho caiu 34%, de R$ 33,85 para R$ 22,39. Já o frete de Campo Verde a Paranaguá despencou 41%, de R$ 220 a R$ 130 a tonelada. O de Diamantino a Santos saiu de R$ 290 a R$ 180 – retração de 38%.

Somente uma rota pesquisada, de Sorriso a Rondonópolis, apresentou queda no valor do frete menor que a do preço do milho. Nela, houve uma recuperação do frete na última semana, de R$ 75 para R$ 80, representando uma queda de 27% no período analisado (ver tabela abaixo).

Se continuarem aceitando a contínua baixa nos fretes, os transportadores rodoviários de grãos vão quebrar. O alerta é do empresário Airton Dall’Agnol, da Transportadora Lontano, com matriz em Campo Grande. “A classe vai acabar.” Para ele, o transportador precisa reagir e se recusar a trabalhar com remuneração muitas vezes abaixo do seu custo. “É preciso ter consciência, temos que mudar essa situação”, diz Lotano.

As perspectivas para o ano que vem, de acordo com o empresário, não são boas. “Estão falando em uma superssafra americana. E em Mato Grosso do Sul não está chovendo, quem plantou perdeu”, declara. Dall’Agnol diz que a saída encontrada pela Lontano foi diversificar os negócios. Recentemente, ele adquiriu três concessionárias New Holland, em Rondonópolis, Campo Verde e Primavera.

Juliana Yagushi, engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura do Paraná, afirma que o preço do milho está desfavorável ao agricultor devido a uma maior oferta dentro e fora do País. “É uma situação muito parecida com a do ano passado, isso faz com que as cotações permaneçam aquém do esperado”, declara.

Neste ano, a expectativa é que os Estados Unidos tenham uma safra ainda melhor que a de 2013, o que pode pressionar ainda mais os preços para baixo. “Além disso, as vendas externas estão ocorrendo numa velocidade menor que a do ano passado”, diz a agrônoma.