O caminhoneiro Dalmo Lima de Freitas ao lado de seu Scania L-76 na década de 60; na carreta, um trolleybus destinado ao extinto Departamento de Bondes e Ônibus, de Belo Horizonte

O caminhoneiro Dalmo Lima de Freitas ao lado de seu Scania L-76 na década de 60; na carreta, um trolleybus destinado ao extinto Departamento de Bondes e Ônibus, de Belo Horizonte

Edição 188 – out/nov/2016

Luciano Alves Pereira

A mineira Itaguara foi premiada em 1959, com a passagem da BR-55 (atual BR-381, Fernão Dias) por um de seus cantos cheios de morros. A via tinha de chegar à capital. Os cortes a leste da cidade resultaram em marcas profundas. Em pouco tempo, Itaguara tornou-se uma das dezenas de truck cities do Estado, identificada com a classe que lhe move a economia. Em agosto, foi a vez de mais homenagens aos caminhoneiros, com uma exposição de fotos dos pioneiros no Museu Sagarana local.

Homens com alma desbravadora, sonhadores e também realizadores. Caminhoneiros, carreteiros, viajantes, cheios de histórias pra contar! Itaguara, emancipada em 1943, é uma cidade no centro das Gerais, antes cortada pela antiga Estrada de Rodagem Belo Horizonte-São Paulo (1930). Depois viu nascer a Rodovia Fernão Dias (1959). O barulho dos motores sempre esteve presente no sustento das famílias locais.

Chegada da imagem de Nossa Senhora de Lourdes a Itaguara em 13 de setembro de 1959, pela Rodovia Fernão Dias

 

O resgate fotográfico na exposição “Itaguara no Retrovisor: entre estradas e estradeiros” mostrou a alma do caminhoneiro itaguarense. Fotos históricas, como a da chegada do primeiro automóvel, em 1930, viraram símbolos. Tem também a da imagem de Nossa Senhora de Lourdes, colocada em setembro de 1959 na capela que fica às margens da Fernão Dias. Quanta lembrança se resgata com fotografias!

Uma foto diz muito. Recupera a memória dos presentes e dos ausentes. Especialmente daqueles que se foram no exercício da profissão, fazendo nascer a saudade, não só na família e amigos, como em toda a cidade. Ao mesmo tempo, inspira a acordar para a realidade de hoje, bem diferente. Antes, sobrava tempo até para um inesquecível fotógrafo que parava os passantes, no meio da recém-construída ponte sobre o portentoso Rio Grande, para um clique definitivo. Ainda hoje está lá. O condutor saltava da boleia e posava de pé. A foto era entregue na viagem seguinte…

O reconhecimento itaguarense faz com que sintamos orgulho de nossos destemidos estradeiros, homens que colocaram o pé na estrada para transportar sonhos e esperança de um futuro próspero.

O olhar dos presentes no lançamento da exposição no Museu Sagarana