Fonte: Agência Estado

 

Apesar do atraso na fábrica em Camaçari (BA), que aguarda aportes da matriz chinesa para iniciar obras civis, a JAC Motors estuda uma segunda unidade no País, apenas para caminhões de grande porte. A nova fábrica está sendo negociada com o governo do Rio de Janeiro, mas o Rio Grande do Sul também é uma possibilidade. Se confirmado, será um investimento puramente chinês, sem a participação do empresário brasileiro Sérgio Habib, sócio do projeto na Bahia.

O grupo SHC, de Habib, confirma os estudos da JAC chinesa mas, como não participa diretamente do negócio, não tem detalhes. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do Rio não quis comentar o assunto, mas três fontes ouvidas pela reportagem confirmaram as negociações. Executivos da JAC chinesa também se reuniram em maio com fornecedores de componentes no Rio Grande do Sul, mas o governo local não tem informações sobre o encontro.

O Brasil já tem confirmados projetos de quatro fábricas chinesas de caminhões e ônibus e duas de automóveis, incluindo a JAC, que no futuro fará também na Bahia caminhões de pequeno porte (chamados VUC). A fábrica da JAC em Camaçari, que inicialmente produzirá as versões hatch e sedã da próxima geração do J3, estava prevista para ser inaugurada no fim deste ano, mas o prazo foi prorrogado para o segundo semestre de 2015.

O terreno onde será instalada a fábrica com capacidade para 100 mil carros ao ano já passou pelo processo de terraplanagem, mas o grupo aguarda verba da matriz para iniciar as obras civis. Em março, a empresa anunciou que o empresário Habib, até então sócio majoritário, passou a ter participação minoritária no empreendimento.

Inicialmente, Habib tinha 66% das ações da empresa e os chineses os 34% restantes, mas a sociedade foi invertida.

Os chineses vão colocar mais dinheiro no projeto – orçado em R$ 1 bilhão (R$ 900 milhões para a produção de carros e R$ 100 milhões para caminhões) e ficarão com a gestão da fábrica. Recentemente, boatos no mercado cogitaram a saída de Habib da sociedade, mas ele nega.

Os atrasos na obra, contudo, levantam dúvidas entre executivos do mercado automotivo sobre o projeto.

Um representante da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia afirma que as obras estão travadas por causa da demora na liberação do financiamento da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), estimado pelo mercado em cerca de R$ 110 milhões.

Segundo esse representante, a liberação está prevista para agosto, mas, atualmente, nem o grupo SHC conta com o aporte nessa fase do projeto. O grupo espera a verba da matriz, prevista para chegar entre agosto e setembro. Os gastos até agora com a terraplanagem teriam sido bancados por Habib.