Embora esteja inicialmente produzindo apenas o leve Accelo e o extrapesado Actros, a nova fábrica tem flexibilidade para montar outros modelos da marca a partir do fornecimento de motores, eixos e transmissões na unidade de São Bernardo do Campo.
Resultado de um investimento de R$ 450 milhões, a fábrica emprega 900 colaboradores diretamente na planta e mais cerca de 400 de fornecedores. Desde janeiro, quando entrou em funcionamento, a unidade de Juiz de Fora já produziu 3 mil unidades do total de 12 mil que devem sair da nova linha até o final do ano que marca a transição dos motores Euro 3 para Euro 5, mudança que está provocando queda nas vendas de caminhões. “Acreditamos que os números ficarão de 15 a 18% abaixo de 2011 mas ainda assim será um grande ano”, avaliou o presidente da montadora, Jürgen Ziegler.
Os patamares de vendas de veículos comerciais no Brasil vêm crescendo: a média anual da Mercedes-Benz de 38 mil unidades de 1983 a 2003 mais que dobrou no ano passado quando subiu para 80 mil. E a capacidade da planta de São Bernardo do Campo estava esgotada, não havia mais para onde crescer. Por ter uma produção verticalizada, ou seja, com fabricação própria de agregados como motores, eixos, transmissões e cabines, houve a necessidade de liberar espaço, literalmente, com a transferência das linhas do Accelo e do Actros.
No ano passado foram produzidos na unidade de São Bernardo do Campo 100 mil motores, 192 mil eixos e 60 mil transmissões. “Acreditamos no crescimento da agricultura e na necessidade de investimentos para reduzir os déficits habitacionais e de infraestrurura. O País vai crescer e com a nova unidade de Juiz de Fora a Mercedes-Benz fica mais forte, mais rápida e mais competitiva”, justificou o vice-presidente Ronald Linsmayer.
Para crescer junto com o País, um dos desafios da montadora será atingir o mais rápido possível o índice de nacionalização de modelos como o Actros que por enquanto tem apenas 25% dos seus componentes fabricados aqui no Brasil, o restante é importado da Alemanha. A meta é atingir 52% ainda este ano, 64% em 2013 – índice que já permitiria acesso às facilidades de financiamento do Finame – e 72% em 2014.
Embora esteja trazendo os fornecedores para junto da fábrica – atualmente são quatro e podem chegar a 16 – a nova fábrica se diferencia de outras iniciativas adotadas pela concorrência por não abrir mão da utilização de componentes próprios na montagem dos caminhões: da usinagem ao designer, motores, eixos, transmissões e cabines também têm a marca da estrela de três pontas.
As empresas Maxion, Randon e Seeber já estão instaladas e montam longarinas e subsistemas, além de fazer a pintura de partes plásticas e peças. A mais recente integrante desse parque é a empresa Grammer, fornecedora de bancos para os caminhões.
Cercada de verde, na Zona da Mata mineira, a fábrica de Juiz de Fora tem 176.000 metros quadrados de área útil numa área total de 2.800.000 metros quadrados, quase três vezes o tamanho da unidade do ABC paulista.