Fonte: Folha de São Paulo
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), recuou e liberou ontem a circulação dos VUCs (veículos urbanos de carga) em todos os dias e horários na ZMRC (Zona de Máxima Restrição à Circulação de Caminhões), no centro expandido da cidade.
O decreto foi publicado ontem no “Diário Oficial”. Antes da liberação, os VUCs só podiam circular pela região entre as 10h e as 16h. A permissão para rodar pelos 100 km² que fazem parte da ZMRC era uma reivindicação antiga do Setcesp (sindicato das empresas de transporte de cargas).
“Temos lutando por isso há muito tempo. A medida é tardia, mas bem-vinda”, disse o vice-presidente do sindicato, Manoel Sousa Lima Júnior.
Embora houvesse pressão, o prefeito negou que tenha cedido. “Essa afirmação é de quem não conhece o processo, até porque isso foi estabelecido há sete anos, quando definimos que iria ter um momento da liberação para a circulação dos VUCs”, afirmou.
Kassab disse ainda que não existe a possibilidade de permitir a circulação de VUCs maiores. “Não existe a menor hipótese de nós alterarmos, aqui em São Paulo, o tamanho dos VUCs.” O tamanho permitido é de, no máximo, 6,3 metros de comprimento.
Mesmo com a autorização para circular, os VUCs terão de respeitar o rodízio municipal. Os caminhoneiros precisam, no entanto, fazer um cadastro na Secretaria Municipal de Transportes.
Desde a primeira restrição aos caminhões, em 2008, as transportadoras estão trocando os veículos pesados, que transportam até 40 toneladas de carga, pelos VUCs, que levam até quatro toneladas.
Especialistas em trânsito divergem sobre a vantagem da troca de caminhões pesados pelos de menor porte.
Alguns citam a facilidade que eles têm para estacionar e o fato de não ocuparem mais de uma faixa das ruas. Outros dizem que são necessários vários VUCs para levar a carga de um caminhão grande, o que pioraria o trânsito.
Engenheiro e mestre em transportes, Sergio Ejzenberg diz que o uso dos VUCs para o abastecimento das cidades é uma tendência e deve crescer. “Esse é um movimento que já está muito forte nas empresas. É o veículo adequado para circular na cidade.”
Consultor em transportes, José Bernardes Felex discorda e diz que o número de VUCs não deve aumentar. “O custo operacional evita isso. Na prática, isso não acontece por uma questão de gastos com combustível.”