vencedor Luis Carlos dos Santos com a esposa Jaciara e o fi lho Calebe já a bordo do Scania R 440. Na foto ao lado, Eliardo Locatelli (à esquerda), o melhor do Brasil pela segunda vez, e o fi nalista Rui Gobbi: festa das famílias

O vencedor Luis Carlos dos Santos com a esposa Jaciara e o filho Calebe já a bordo do Scania R 440.

Edição 189 – dez 2016/jan 2017

 

O caminhoneiro Luis Carlos dos Santos, 31 anos, andava pensando em desistir da profissão. A distância da família, as tensões típicas do seu trabalho, a falta de valorização, vinham desmotivando este baiano de Salvador, que sempre foi apaixonado pelo ofício. Mas, no dia 27 de novembro, ele conquistou um baita estímulo para permanecer nas estradas: ao vencer o Scania  Driver Competitions (SDC) da América Latina, Luis Carlos ganhou um caminhão Scania Streamline R 440 6×2 zero-quilômetro. “Sempre sonhei em ter caminhão próprio. É o desejo de todo empregado”, disse, logo após a prova final, em São Bernardo do Campo (SP), ainda muito emocionado. “Vamos ver se agora consigo, como autônomo, passar a trabalhar em rotas mais próximas da minha casa, para poder conviver mais com a família”, disse ele.

A esposa, Jaciara, que acompanhou Luis Carlos na grande final, chamou a atenção para a importância dos motoristas. “O Brasil precisa entender o que é ser caminhoneiro. Precisa valorizar essa gente que carrega a maior parte das cargas desse País”, declarou. Jaciara tem parentes caminhoneiros, já fez muitas viagens com o marido e, portanto, conhece bem a realidade do motorista profissional. “No meu íntimo, eu preferia que meu marido tivesse outra profissão. Mas nunca disse a ele para deixar esse trabalho que ele adora. O que eu sempre digo é para ele ser o melhor. E agora ele me provou que é”, declarou.

Participaram da grande final do SDC, nos dias 26 e 27 de novembro, 12 motoristas: três do Brasil, três da Argentina, três do Peru e três do Chile. Os outros dois brasileiros eram Ruy Hermes Gobbi, de São José (SC), e Eliardo Locatelli, de Carazinho (RS). Gobbi ficou em terceiro lugar. O argentino Hugo Armando Valdiviezo ficou em segundo. Em cada país, as provas preliminares para selecionar os finalistas duraram vários meses. Na final, o sábado (26) teve quatro provas, entre elas a teórica e a de percurso.

Eliardo Locatelli (à esquerda), o melhor do Brasil pela segunda vez, e o finalista Rui Gobbi:festa das famílias

O domingo começou com o teste de manobras ao volante. A nota desses cinco testes classificou oito motoristas para prosseguir. Só um vencedor das etapas nacionais – o do Chile – avançou, os outros sete foram segundos e terceiros colocados em seus países. Esse cenário tornou imprevisível a decisão da competição. Os oito candidatos se enfrentaram, de dois em dois, em provas eliminatórias de habilidade na condução do caminhão e corrida contra o tempo. Na última prova, Santos enfrentou o argentino Valdiviezo. Nenhum deles tinha chegado como favorito – vinham como terceiros colocados em seus países. A difícil prova que valeu um caminhão consistia em fazer um circuito em Z, dirigindo de ré e depois de frente, derrubando alguns pinos e deixando outros em pé, com a máxima destreza e no menor tempo possível.

O brasileiro errou logo no começo e teve de manter a calma, mas sua agilidade foi suficiente para vencer o argentino, que cometeu uma sequência de falhas. O vice-campeão Hugo Armando Valdiviezo, de 49 anos, ganhou um prêmio de R$ 25 mil, e o brasileiro Ruy Hermes Gobbi, terceiro, ganhou R$ 15 mil para compras em rede conveniada. O campeão Luis Carlos dos Santos fez um agradecimento à Scania e a todos que participaram da organização da competição. “Quero dar os parabéns pela valorização, reconhecimento e capacitação que a Scania dedica aos motoristas de caminhão. São presentes para a vida inteira”, afirmou. Ele dedicou a vitória à família e, principalmente, a seu pai, “que já foi motorista e me inspirou”.

Santos estava prestes a desistir da profissão, após seis anos de estrada. “Quando conquistei o terceiro lugar nacional e me credenciei para esta final, decidi esperar. Foi um ânimo novo. A gente ama o que faz, e eu aconselho todos os colegas a manterem o seu amor pelo trabalho. Nós somos muito importantes, nós movimentamos o Brasil.”

O diretor mundial do Scania Driver Competitions, Mikael Person, acompanhou a primeira final da competição na América Latina. “É fundamental para a Scania reconhecer o condutor como uma peça-chave no mercado e no desenvolvimento de um transporte sustentável. Estão de parabéns os quatro países pelo maravilhoso trabalho realizado com compromisso e qualidade”, afirmou.

Depois da solenidade do pódio, Celso Torii, vice-presidente de Vendas e Marketing da Scania na América Latina, entrou dirigindo o R 440 e o entregou ao vencedor. Torii fez a seguinte avaliação: “A qualidade dos condutores de Argentina, Chile, Peru e Brasil é fantástica. Venceu quem teve mais controle dos nervos. São todos excelentes motoristas, e nos orgulhamos de poder organizar um evento que reconhece a dedicação e o profissionalismo dos caminhoneiros”.

O CAMPEONATO – O total de participantes do Scania Driver Competitions nos quatro países foi superior a 56 mil: 7.826 da Argentina, 42.516 do Brasil, 3.163 do Chile e 2.760 do Peru. A competição foi criada em 2003, na Europa. Desde então, reuniu mais de 300 mil motoristas de quase 50 países.