120 anos depois de lançar o primeiro caminhão da história e dois anos depois de apresentar seu protótipo de caminhão com direção autônoma, a Mercedes-Benz mostrou hoje em Dusseldorf, na Alemanha, que um comboio de caminhões conectados entre si e à rede mundial de computadores por WiFi pode reduzir sensivelmente o consumo de combustível e as emissões de CO2.
Mais que isso, o que o sistema apresentado hoje propõe é usar recursos tecnológicos já disponíveis para aumentar a eficiência do sistema de transporte de cargas. Estima-se que na Europa pelo menos 25% dos caminhões trafeguem vazios ou com pouca carga. Além disso, gasta-se muito tempo nas operações de carga, descarga e em congestionamentos. “O problema é a falta de informações em tempo real. É esta a solução que estamos apresentando aqui: conectividade , a internet do transporte”, resumiu Wolfgang Bernhard da Daimler Trucks&Buses durante sua apresentação.
Era a etapa inicial do evento denominado Campus Connectivity montado em uma antiga metalúrgica nos arredores da cidade alemã de Dusseldorf para jornalistas de 35 países. Além das apresentações iniciais dos principais executivos da montadora, um convidado de honra deu o tom do que viria pela frente: o economista e professor da Universidade da Pensilvânia, Jeremy Rifkin, um dos pensadores mais influentes da atualidade, autor do livro a Terceira Rovolução Industrial, falou da importância do que seria apresentado.
“O telefone e o petróleo abriram caminho para a Segunda Revolução Industrial. Agora, as energias limpas e as redes inteligentes serão a base da próxima grande revolução. O que temos aqui hoje é uma promessa da internet da logística desenvolvida pela Daimler”, avaliou.
COMBOIO – Nos mesmos moldes da apresentação do primeiro protótipo de caminhão autônomo, que pode trafegar sem intervenção do motorista, as grandes estrelas do evento de hoje foram três Mercedes-Benz Actros totalmente conectados que trafegavam orquestrados em comboio pela rodovia A 52 a caminho do evento.
Antes da entrada triunfal no teatro digital montado na antiga metalúrgica, os motoristas interagiram com os apresentadores, por intermédio de câmeras instaladas na cabine, acionando o modo de direção autônoma que reduziu automaticamente a velocidade para a entrada de um automóvel entre eles ou quando se aproximou o trevo que daria acesso ao local da apresentação.
Foi uma demonstração do que podem proporcionar os 400 sensores instalados em cada caminhão, responsáveis por registrar todo tipo de informação relevante para a operação, atuando em conjunto com um software com nada menos que 130 milhões de linhas de código, mais do que dispõe um avião a jato.
Denominado Highway Pilot Connect, o sistema já é uma realidade e pode atuar em conjunto com a direção semi autônoma rodando em estradas públicas. Por estarem alinhados em comboio, a uma distância de apenas 15 metros entre si – normalmente esta distância seria de 50 metros – a resistência aerodinâmica dos conjuntos, no caso semirreboques com peso bruto total de 40 toneladas, é menor: 2% menos no primeiro caminhão, 11% no segundo e 9% no terceiro. O resultado é uma redução de 7% no consumo de combustível e, consequentemente, nas emissões de CO2.
Todo comboio vê a imagem proporcionada pelo primeiro caminhão no display instalado no painel, interligando todos os veículos do entorno. Os caminhões rodando próximos, com segurança, ocupam menos espaço na rodovia. A direção autônoma reduz o estresse do motorista liberando tempo para o descanso ou lazer a bordo ou ainda outras programações da viagem como a próxima refeição ou onde parar para o descanso.
É o resultado de 15 anos de pesquisas em tecnologias de conectividade envolvendo uma equipe de mais de 300 pessoas e investimentos de mais de 500 milhões de euros até 2020 na nova perspectiva apresentada hoje para o setor de transportes. “Estamos conectando o caminhão com a Internet – vamos torná-lo o principal elemento de dados da rede de logística. O veículo irá conectar todos os envolvidos com o transporte: motoristas, programadores, frotistas, oficinas, fabricantes e seguradoras ou autoridades. Eles recebem as informações em tempo real: condições do cavalo mecânico e do semirreboque, do trânsito e das condições do tempo, disponibilidade de vagas de estacionamento em postos de serviço das estradas, áreas de descanso e muito mais”, explicou Bernhard.
A Daimler, grupo que detém a marca Mercedes-Benz, lidera o mercado com 350 mil veículos já interconectados considerando os sistemas de telemática Fleet Board na Europa, disponível também no mercado brasileiro, e o Detroit Connect voltado para a América do Norte.
“Quando o primeiro iPhone foi introduzido, em novembro de 2007, nossos clientes já estavam utilizando o FleetBoard por sete anos. Há mais de 15 anos, portanto, eles controlam suas frotas e administram com eficiência seus motoristas, tanto dos caminhões Mercedes-Benz, como os de outros fabricantes. Ninguém tem mais experiência nesse campo do que a nossa empresa”, destaca Stefan Buchner, presidente mundial da Mercedes-Benz Trucks.
Veja aqui em breve outros detalhes do novo sistema de Conectividade apresentado hoje (21/03) pela Mercedes-Benz.