Nelson Bortolin

 

À medida que se aproxima a inauguração do terminal ferroviário da ALL em Rondonópolis (MT), prometido para ainda este primeiro semestre, os transportadores de Mato Grosso vão ficando mais preocupados. Uma grande área sem pavimento e com banheiros químicos parece ser o estacionamento que a concessionária prepara para os caminhoneiros.

“A empresa arrendou esse terreno a céu aberto e improvisou este estacionamento. Pelo que estamos vendo, a ALL vai inaugurar o terminal sem que o estacionamento de verdade esteja pronto”, reclama o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes.

Como mostrou reportagem da Carga Pesada (clique aqui e leia mais), as condições de trabalho para os caminhoneiros no terminal da ALL em Alto Araguaia (200 km de Rondonópolis), onde hoje é transbordada a maior parte dos grãos de Mato Grosso, são muito ruins. Eles esperam mais de 24 horas para descarregar em pátios de chão batido, tomam banho de água fria e não conseguem dormir à noite devido ao alto-falante que não para de chamá-los para tocar a fila. Estima-se que 80% da movimentação de Alto Araguaia seja transferida agora para Rondonópolis.

“Temos um histórico de relacionamento complicado com a ALL. A empresa não respeita os transportadores, não cumpre acordos, mal nos recebe para conversar. Nosso receio é de que a inauguração do terminal aqui em Rondonópolis seja pior para o transporte dos grãos e para os motoristas”, afirma o diretor. 

Os transportadores têm razão em se preocupar, uma vez que o município é um importante entroncamento rodoviário (BRs 163 e 364), ponto estratégico do escoamento da safra. O trecho urbano de 12,8 km da 364 está em obras de duplicação desde 2009, mas uma série de irregularidades foram levantadas na concessão e não há prazo para término. Cada vez que uma parte da pista tem de ser obstruída para algum serviço, os congestionamentos são inevitáveis.

Miguel Mendes, da ATC

“Se nenhuma providência for tomada, na próxima safra nós vamos viver um verdadeiro inferno. A situação aqui vai ser pior do que em Alto Araguaia”, afirma o diretor. Mesmo, quando a travessia urbana for concluída, o risco de congestionamento é muito grande porque ainda faltarão 25 km de pista simples até o terminal.

OUTRO LADO – A assessoria de imprensa da ALL diz que, em Rondonópolis, a situação do caminhoneiro será bem melhor. O estacionamento, com 162 mil metros quadrados, será pavimentado, terá pré-triagem de caminhões e vai oferecer áreas de apoio para motoristas com banheiros equipados com chuveiros e um refeitório. Ainda estão previstos um hotel com 100 quartos e um shopping center. O posto de abastecimento, segundo a empresa, poderá atender 1.500 caminhões/dia, oferecendo serviços de borracharia, oficina e conveniência.

A ALL nega que irá inaugurar o novo terminal com estacionamento improvisado. “O estacionamento será inaugurado juntamente com o início das operações do CIR (Complexo Intermodal de Rondonópolis), com estrutura adequada para o atendimento da demanda inicial. A previsão de inauguração do complexo é ainda no segundo trimestre”, afirma nota enviada à Carga Pesada.