Os caminhoneiros devem dar os parabéns: este é um dos pontos mais acolhedores da Fernão Dias

Luciano Alves Pereira

É imprescindível que se celebre esse aniversário. Situado no km 557 da BR-381, no quase-alto da Serra de Itaguara (MG), pista sentido BH, o Casa Branca teve como fundador João Greco, que continua lá, trabalhando e dando as boas vindas ao pessoal da estrada. Ele iniciou o empreendimento em junho de 1974, no então ermo Campo do Gentio, aonde a própria luz elétrica levou vários meses para chegar. Sua ousadia àquela altura foi instalar um restaurante estradeiro desatrelado e distante de posto de abastecimento. Sem falar que nos anos 1990 houve estudos e intensos esforços para tirar o traçado da duplicação da rodovia para Brumadinho (MG). Ou seja, quase que a via deixou de passar à sua porta.

João Greco cercado pelas netas e colaboradores: recém-chegados à obra de quatro décadas

No início, Greco reunia experiência e algum ‘troco’ adquiridos nos oito anos passados na Churrascaria Rincão Gaúcho (a 5 quilômetros da atual localização). O novo negócio ficava numa subida de serra contra-indicada para parada de caminhões, já que a voz geral dizia: “na ida, o motor está quente, na descida o bruto vem de banguela”. A realidade, contudo, é que Greco, sempre apoiado pela esposa, filhos e colaboradores, transformou o Casa Branca numa das ‘estações’ preferidas dos caminhoneiros, ocorrendo, às vezes, falta de vagas no seu pátio de estacionamento de mais de 3,5 mil m². Sua atração do começo – que continua até hoje – era o mexido, até no café da manhã. Passou a ser oferecido por insistência do veterano Chiquinho Gordo, tanqueiro de Lavras (MG).

Com tanto tempo lidando com a clientela, o dono do Casa Branca entendeu como o caminhoneiro “merece respeito”. No entanto, admite que esse profissional “é mal compreendido. Falta a quem compartilha a estrada com ele perceber o seu espírito de renúncia”. Por isso não lhe nega solidariedade. Greco não gosta de falar em números, mas suas vendas devem andar acima de 300 refeições por dia. Ele ampliou o salão para 100 lugares em 1999. Por outro lado, está prevendo “uma estagnação moderada no próximo ano, decorrente do esfriamento da economia”. Nada que perturbe as expectativas de quem descartou a ambição de sua filosofia de vida. Tal visão de mundo, porém, não impede que seus amigos, clientes e colaboradores o cumprimentem pela obra e pela atitude.