Alto Araguaia, no Sul de Mato Grosso, cresceu e aumentou a arrecadação nos últimos sete anos graças à presença do maior terminal de grãos do País, apesar das longas filas que ocorrem por lá no auge da safra

Guto Rocha

O trem, o terminal, o caminhão descarregando: força para a economia de Alto Araguaia

O encontro da rodovia com a ferrovia provocou grandes mudanças na história em Alto Araguaia. Localizado no Sul de Mato Grosso, na divisa com Goiás, o município tornou-se um entroncamento rodoferroviário no qual se encontram a BR-364 e a ferrovia explorada pela América Latina Logística. A ALL mantém ali um dos maiores terminais de recebimento de grãos do País. Pena que, ali, o Rio Araguaia não seja navegável; seria mais um modal para o entroncamento…

Alto Araguaia se prepara para receber mais uma grande quantidade de caminhões carregados de soja e milho, na safra a ser colhida a partir de janeiro. Estimativas do governo de Mato Grosso indicam que o Estado vai colher 21,5 milhões de toneladas de soja e 8,9 milhões de toneladas de milho. Na safra passada, em Alto Araguaia houve filas e mais filas de caminhões esperando para descarregar nos terminais da ALL. E muita bronca dos caminhoneiros.

Para o diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Carga do Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes, aquele entroncamento é o “grande gargalo” para o escoamento da safra mato-grossense. “Recentemente (início de novembro), voltou a haver grandes filas de caminhões para descarregar no terminal, por causa de um acidente com uma composição no interior de São Paulo que fez os trens pararem”, informou.

Mendes diz que, quando ocorrem problemas que reduzem a velocidade dos descarregamentos, a ALL não comunica os transportadores, nem direciona os caminhões para outras rotas. “Os caminhões ficam parados, servindo de armazém para a empresa.”

No ano passado, os caminhoneiros protestaram contra as más condições do terminal ferroviário, e o Ministério Público do Trabalho (MPT) teve que intervir. Havia filas, pátio esburacado, um banheiro sujo cujo uso precisava ser pago, entre outros problemas. O MPT fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) dirigido à ALL, solicitando melhorias no local.

Parece que melhorou, “mas só uns 30%”, na opinião de uma pessoa que conhece bem o local, o sócio da Transportadora Fribon, Edvaldo Pereira Bonfim. “Eles não asfaltaram, apenas jogaram mais cascalho”, observa. Sua transportadora, com sede em Rondonópolis, tem 45 caminhões próprios e 300 agregados. Mas foram construídos mais banheiros.

Outro transportador, o gerente operacional da Brasil Central, Emerson Henrique Gomes, não acredita que as filas vão acabar. “No auge da safra não vai ter jeito”, prevê.

Em nota, a assessoria de imprensa da ALL afirma que a concessionária vem fazendo tudo que está previsto no termo de ajustamento de conduta assinado no início deste ano. Foram construídos 20 banheiros e reformados os que já existam. Existem também locais para o fornecimento de refeições aos usuários do terminal. O pátio do estacionamento foi balizado e cascalhado.

Segundo a assessoria da ALL, o terminal conta com quatro tombadores que podem descarregar 10 caminhões por hora; em um dia, dá para descarregar 800 caminhões. A estrutura inclui sete armazéns para 4,5 mil toneladas cada. O Terminal de Alto Araguaia foi construído pela Ferronorte e, segundo a assessoria de imprensa da ALL, a concessionária assumiu a estrutura em 2006. A empresa considera o local um grande concentrador de cargas e o principal terminal de grãos do País.