Trucão diz que muita coisa mudou no transporte de cargas desde os anos 80, não só na tecnologia. “Os caminhões tinham 14 metros, hoje chegam a 30”, ressalta. A qualidade das vias, pelo menos as pedagiadas, melhorou bastante.
O que não mudou tanto quanto ele gostaria foi o comportamento do motorista. “Ainda existe uma cultura adquirida lá atrás. O motorista pilota um caminhão muito mais moderno, mas continua trabalhando sem camisa, de shorts”, ressalta.
Ele diz que o caminhoneiro precisa se capacitar, mas critica o Sest/Senat. “Virou um cabide de emprego”, define. Para Trucão, a instituição tem pouco interesse em adequar seus cursos aos horários dos caminhoneiros. “É o Sest/Senat que tem de se adaptar e não o contrário”, defende.
Com tanta experiência na estrada, o jornalista também vê com reserva as entidades representativas dos motoristas. “Desde que eu comecei, há 30 anos, já brigavam entre si. Disputam para mostrar quem é o pai da criança (de alguns benefícios da categoria). Estão muito preocupados com os dividendos políticos”, ressalta.
Para Trucão, o projeto de lei que limita o tempo de direção é muito importante. “Tem transportadora que não quer. Algumas reclamam para mim. Mas eu acho fundamental.” Quanto ao fim da carta-frete, ele acha inevitável. “Reclamam aqueles que querem ficar na informalidade.”
Após trocar ideias com motoristas e donos de postos de combustível, o jornalista resolveu enviar aos deputados e senadores uma proposta para a construção de pontos de apoio nas estradas do País.
Por iniciativa do deputado Onofre Santo Agostini (DEM/SC), o texto virou projeto de lei, número 785/2011, que obriga a instalação de pontos de apoio a cada 70 ou 100 quilômetros nas rodovias, inclusive das concessionadas. “Tenho visto muitos acidentes. Quando paro e pergunto ao motorista se dormiu no volante, ele geralmente admite e diz que não parou porque não há local apropriado”, justifica.