Nelson Bortolin

Oscar Rivera Nino, Raul Arias Echeverry, João Paulo Andrade Neto (instrutor), Walter Rincon Ruiz e John Edwin Palomino

Segundo a NTC&Logística, faltam cerca de 100 mil profissionais para dirigir caminhões no Brasil – um número difícil até de acreditar. Mas que falta, falta. Para contornar o problema, o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar) resolveu “importar” caminhoneiros da Colômbia.
Diego Castelblanco, 31 anos, é um deles. Em meados de fevereiro, ele chegou a Curitiba para iniciar treinamento no Instituto Setcepar de Educação no Transporte (Iset). “Vim em busca de uma vida melhor, de um salário melhor, e também para aprender português e conhecer o País”, afirma. Ele é da cidade de Ucaramanga. Na Colômbia, ganhava o equivalente a R$ 2 mil dirigindo caminhão, e no Brasil tem a promessa de uma renda entre R$ 3 mil e R$ 4 mil.
Castelblanco foi contratado pela Transportadora BBM para puxar bobinas de papel e produtos perigosos, entre outras cargas. Em seu país, estava acostumado a trabalhar até 14 horas diárias e aqui acredita que não vai ultrapassar a carga horária prevista na Lei do Descanso (12.619), que vigora há dois anos. A lei assegura aos caminhoneiros empregados os mesmos direitos dos demais trabalhadores brasileiros, ou seja, carga horária de oito horas diárias e 44 semanais. “Vou ter de dirigir menos, senão a polícia pega”, acredita. Segundo o motorista colombiano, seu país vive bom momento econômico, mas, em sua profissão, as oportunidades no Brasil são melhores. “Acho que terei melhor qualidade de vida”, ressalta.
João Paulo Andrade Neto é instrutor do instituto do Setcepar e treinou o grupo composto por dez colombianos, num curso que durou três semanas. “Além da integração, eles recebem informações sobre a legislação brasileira trabalhista e de trânsito”, conta.
O presidente do Setcepar, Gilberto Cantu, explica como se deu a aproximação da entidade com os motoristas colombianos. “Um instrutor colombiano participou de um curso do sindicato, no final do ano passado, e falou sobre a realidade do país dele neste setor. Voltou para a Colômbia e começou a enviar os currículos de caminhoneiros interessados em trabalhar no Brasil. Em três meses, já temos 200 cadastrados”, conta. A expectativa é de que, nos próximos meses, outros 50 motoristas sejam contratados por empresas no Paraná.