Com apenas 28 anos, Patrícia Yoshimura puxa cargas variadas num caminhão de 20 toneladas
Nelson Bortolin
Há pouco mais de um ano, a jovem Patrícia Sati Yoshimura, de Vargem Grande Paulista, tomou uma atitude corajosa do outro lado do mundo. Trabalhando desde 2011 como operária no Japão, ela mudou sua carteira de habilitação e se candidatou a uma vaga de caminhoneira. Hoje, atua como empregada na transportadora Transigma, na cidade de Joso, província de Ibaraki.
A ideia nunca havia lhe passado pela cabeça. “Eu nunca tinha pensando em ser caminhoneira. Tinha medo até de passar perto de caminhão”, conta. Em apenas um ano, ela evoluiu de um veículo de apenas 2 toneladas para um caminhão da marca Hino de 20 toneladas, ano 2017, implementado com um baú, com o qual transporta cargas variadas.
“Trabalho mais perto da minha cidade. São viagens de 3 a 4 horas. Mas às vezes tem rotas mais longas, que eu tenho de dormir no caminhão.”
Questionada se os locais de parada são seguros, ela responde: “Em geral aqui no Japão eu me sinto segura. Não tenho medo. Aqui a gente deixa o caminhão ligado nas paradas e vai para o banheiro”, explica ela.
Pesadelo para as caminhoneiras no Brasil, os banheiros dos postos não são problema no Japão. “São sempre muito bem limpos”, afirma.
Ela mesma já se sentiu discriminada quando foi fazer entrega numa empresa pertencente a empresários chineses. “Disseram que, no país deles, mulher não dirige caminhão. Eu meio que entendi que eles estavam dizendo para ir um homem da próxima vez.”
Na transportadora onde trabalha, são apenas 2 mulheres num quadro de cerca de 70 motoristas.
Em geral, de acordo com Patrícia, um caminhoneiro empregado ganha duas vezes mais que um trabalhador de fábrica no Japão. “Dá para guardar um dinheiro”, garante ela que não tem planos de voltar ao Brasil.