Entusiasta do projeto de uma saída pelo Pacífico e conhecedor da Bolívia, para onde já levava cargas há 30 anos, o presidente da Mira Transportes, Roberto Mira, afirmou que a rota, do jeito que está, é inviável para os caminhões brasileiros. Lembrou uma dificuldade a mais: na Bolívia e no Chile, o limite de carga líquida para um caminhão é de 25 toneladas, enquanto o bitrem brasileiro leva 37 toneladas. “Não é fácil equacionar esse problema, depende da ação dos governos”, ressaltou.
Para o empresário, a rota só seria viável com a contratação de caminhoneiros bolivianos. “Eu entregaria a soja em Corumbá e eles levariam aos poucos até o Chile”, afirmou.
Outro transportador que não pensa em rodar pela Bolívia é Gelson Pavoni, da Rodobelo Transporte. Segundo ele, mesmo que seja recuperado o trecho entre Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba, a rota não se viabiliza. “É muito longe e muito caro para levar produtos agrícolas”, declarou. O limite para viabilizar fretes rodoviários de commodities agrícolas, na opinião dele, é de 1.300 km.
Para o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e diretor executivo da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja-MS), Lucas Galvão, é preciso continuar insistindo na saída pelos portos do Chile. Ele destacou que a produção de grãos de Mato Grosso do Sul tem crescido 12% ao ano. Na última safra, chegou perto de 14 milhões de toneladas. “Toda a produtividade da porteira para dentro é perdida pela ineficiência logística do Brasil. Não podemos descartar os portos do Pacífico”, declarou.