Nelson Bortolin
Pela primeira vez desde o início da greve promovida pelo Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), os caminhoneiros fecharam a rodovia Presidente Dutra. No domingo, os dois sentidos da estrada chegaram a ser bloqueados na altura do município de Barra Mansa (RJ), mas foram parcialmente liberados após negociações com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A greve completa seis dias hoje.
Uma das lideranças do protesto na Dutra, o caminhoneiro Lindemberg Afonso de Freitas, disse à Carga Pesada na manhã desta segunda-feira (30) que não há planos de liberação total da via. Segundo ele, o protesto é pacífico. “Alguns atritos sempre acontecem, mas não tivemos nenhum ato de vandalismo”, disse.
Em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, o secretário do sindicato dos autônomos (Sinditac) local, Diego Alessandro Roberti, teve de se afastar do movimento. Preso por algumas horas na semana passada – acusado de vandalismo -, ele vem se mantendo longe do protesto com receio de tornar-se reincidente.
Roberti diz que “alguns caminhoneiros parados no piquete contra a vontade própria” passaram a apedrejar quem tentasse furar o bloqueio. Sendo uma das lideranças da manifestação, a culpa teria recaído sobre ele. “O grande problema é a desunião da nossa classe”, reclama.
Outro que teve de se afastar da linha de frente da greve foi o presidente do Sinditac de Vitória (ES), Sebastião Rodrigues. “Recebi uma notificação judicial e meu advogado me aconselhou a ficar longe do movimento”, disse.
No Espírito Santo, a Justiça Federal proibiu os manifestantes de bloquearem as rodovias. Rodrigues diz que outros líderes estão passando pelas estradas com carros de som orientando os motoristas a pararem nos postos de gasolina.
Segundo ele, se o caminhoneiro continua rodando após esse alerta, “o bicho pega”. Questionado sobre o significado da declaração, ele respondeu: “Não precisa dizer mais nada, aí é problema dele.”
Na região de Paulínea (SP), o movimento se desmobilizou nesta segunda-feira, segundo o presidente do Sinditac local, Benedito Pantaleão. “Até sábado, a greve estava forte por aqui, chegamos a ter 4 mil caminhões parados nos pátios. Mas hoje todo mundo foi trabalhar”, contou.
Na pauta de reivindicações do MUBC, estão a revogação da resolução 3.658 que extinguiu a carta-frete (clique aqui) e a prorrogação por um ano dos efeitos da lei 12.619 (clique aqui), que regulamenta a profissão de motorista.